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Draghi adverte que BCE não pode trabalhar sozinho

Presidente do Banco Central Europeu diz que governos têm de adotar reformas, dando sinais de limitação no impulso à economia

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Por Redação
Atualização:
  Foto: JOHN THYS | AFP

FRANKFURT - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, pediu aos governos europeus que desempenhem o seu papel para impulsionar o crescimento e a inflação na região, alertando que a falta de reformas econômicas está tornando o trabalho do BCE mais difícil. “Se outras políticas não estão alinhadas com a política monetária, a inflação voltará ao nosso objetivo em um ritmo mais lento”, disse Draghi em discurso ontem no Fórum Econômico de Bruxelas.

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O BCE tem afrouxado sua política monetária agressivamente para impulsionar o crescimento e a inflação nos últimos anos – usando desde taxas de juros negativas até mais de ¤ 1 trilhão em compras de títulos –, mas tem tido pouco resultado, alimentando assim os argumentos de que a política monetária está no seu limite e que os governos precisam ajudar.

O banco “pode agir de forma decisiva para apoiar a demanda, para estabilizar as expectativas de inflação e evitar efeitos negativos sobre os salários e preços, que é o que o BCE tem feito ao longo dos últimos dois anos”, disse Draghi. “Mas as políticas governamentais também influenciam na velocidade da recuperação da economia.”

O presidente do BCE alertou que as repetidas tentativas para tornar a Europa a economia mais competitiva e dinâmica do mundo “têm produzido apenas resultados escassos”, e apelou a uma série de reformas econômicas que visem à redução das barreiras ao comércio e ao aumento do emprego.

“Dadas as perspectivas fracas para o crescimento na zona do euro, enfrentar o desafio da produtividade não pode mais ser adiado”, disse ele. A “vitória rápida” mais poderosa, acrescentou, seria completar o mercado único europeu, especialmente em serviços, disse ele.

“Não deixamos a inflação ficar abaixo do nosso objetivo por mais tempo do que é evitável, dada a natureza dos choques que enfrentamos”, disse Draghi. “Para os outros, isso significa dedicar todos os esforços para assegurar que a produção volte ao seu potencial antes que o crescimento fraco cause danos duradouros.”

A zona do euro cresceu apenas 1,6% no ano passado, com a maior parte da expansão puxada pelos estímulos do BCE.

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Alfinetada. Para o presidente do banco central da França, François Villeroy De Galhau, uma política econômica coordenada resultaria em mais crescimento e empregos na zona do euro, mas essa coordenação enfrenta um problema de confiança entre os governos. “Existe uma questão de confiança”, disse De Galhau, também presente ao fórum. “Quando os franceses falam sobre coordenação econômica, como têm feito por décadas, os alemães suspeitam frequentemente que é um novo truque francês para evitar reformas domésticas.” / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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