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Duhalde apela ao FMI para encontrar uma saída

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Eduardo Duhalde declarou esperar que o Fundo Monetário Internacional (FMI) "ajude a Argentina a encontrar uma saída" para a crise sem precedentes nas áreas econômica, social e financeira na qual o país está mergulhado. As afirmações, feitas ao jornal Clarín, o principal do país, ocorreram poucas horas depois de o Fundo ter anunciado sua disposição de enviar dentro de poucos dias uma missão técnica a Buenos Aires. O governo argentino conseguiu obter do FMI a rolagem de parte da dívida que o país tinha com o organismo financeiro. Em julho, a Argentina teria que pagar US$ 980 milhões ao Fundo. Se esta rolagem não tivesse sido concedida, o país entraria em default com um organismo financeiro, fato que poderia complicar qualquer negociação futura com o FMI. "Todos os países estão integrados ao Fundo e outros organismos internacionais. Seria uma loucura ficar de fora", disse Duhalde. O presidente também criticou os Estados Unidos "e as outras potências", os quais, segundo ele, praticam "uma grave discriminação com a Argentina e outros países da região". Duhalde sustentou que "há mais de dez anos os Estados Unidos, a Europa e os organismos de crédito pediram a nossos países que abríssemos nossas economias e fizéssemos as privatizações. Eles insistem com a abertura indiscriminada de nossos mercados, mas fazem exatamente o contrário nos mercados deles. Desta forma, fica muito difícil para a Argentina e os países da região, já que não temos recursos para financiar o crescimento e assim podermos pagar a dívida". Ignorância Segundo Duhalde, parte dos problemas devem-se à "ignorância e à falta de preocupação que existe nos EUA em relação à nossa região". O presidente descartou os rumores segundo os quais o governo argentino estaria tentando conseguir um acordo com o Brasil, Uruguai e Paraguai para a formação de um "bloco" que agisse em conjunto para obter ajuda financeira internacional. "A Argentina está em default. Aos nossos amigos do Mercosul não lhes convém equiparar-se com nossas dificuldades. Mas temos que nos organizar". O ministro da Economia, Roberto Lavagna, voltou neste domingo de Washington - onde também conseguiu que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) se dispusse a analisar a possibilidade de esticar o prazo do vencimento de uma dívida de US$ 750 milhões. Segundo o economista Guillermo Calvo, a viagem de Lavagna permitiu "uma luz que antes não existia". Calvo sustentou que agora a Argentina está mais próxima de um acordo com o Fundo. Mas o economista Jorge Avila mostrou-se decepcionado: "pensei que Lavagna iria voltar com algo definitivo. Mas agora optou-se por uma diagonal, uma coisa intermediária que espero que salve a dignidade". O economista sustentou que "o país está à beira do caos econômico e social. Ainda não caiu no abismo, onde estão os tubarões da hiperinflação e dos conflitos civis".

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