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Duhalde pensa submeter seu mandato a plebiscito

Por Agencia Estado
Atualização:

Pressionado pelo FMI, pelos banqueiros e empresários, além dos protestos da classe média portenha, o governo do presidente Eduardo Duhalde está tentando desesperadamente conseguir sinais de respaldo popular. Por este motivo, um grupo de assessores presidenciais planeja a realização de um plebiscito para legitimar seu mandato. Duhalde, eleito às pressas pelo Congresso Nacional, tomou posse em janeiro deste ano para substituir o presidente Adolfo Rodríguez Saá, que por sua vez entrou no lugar do ex-presidente Fernando De la Rúa (1999-2001), que havia renunciado no dia 20 de dezembro passado. Duhalde ocuparia o cargo até dezembro de 2003, mas sente que um mandato provisório como o dele carece de uma legitimidade que o permita enfrentar a grave crise financeira, social e econômica na qual está mergulhado o país. Legitimidade A idéia do plebiscito está sendo trabalhada pelo secretário privado de Duhalde, José Pampuro, que argumentou que, ?se a legitimidade do presidente continuar sendo questionada por setores que pretendem derrubar Duhalde, não teremos outra alternativa a não ser convocar um plebiscito?. Pampuro disparou críticas contra um grupo de governadores de províncias, que, com pretensões presidenciais, pregam constantemente a realização de eleições antecipadas. As eleições presidenciais estão marcadas para setembro do ano que vem. Pampuro afirmou que qualquer governo, ?diante de uma crise como a que vivemos, está permanentemente em xeque?. ?Delarruizado? Mas o próprio governo está dividido sobre a idéia do plebiscito. O secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, considera que a consulta popular poderia criar mais incertezas. Para diversos analistas, o governo Duhalde está cada vez mais ?delarruizado?, ou seja, débil e confuso como a administração do ex?presidente De la Rúa. Na próxima sexta-feira, Duhalde terá que sair da Casa Rosada, a sede do governo, e ir pela histórica Avenida de Mayo até o Congresso Nacional, onde presidirá a abertura do ano legislativo. Temendo que a praça do Congresso fique cheia de manifestantes contra o presidente, os assessores de Duhalde planejam a montagem da ?Plaza del Sí? (?Praça do Sim?), que pretende ser uma megamanifestação de apoio ao governo. A idéia dos assessores é colocar pelo menos 40 mil pessoas clamando pelo presidente. Para conseguir arrebanhar essa massa de pessoas, os aliados políticos de Duhalde estão mobilizando todo o aparato do Partido Justicialista (?Peronista?) na Grande Buenos Aires. Esta seria a primeira manifestação a favor de Duhalde desde que tomou posse. Insatisfação O confuso modus operandi do presidente Duhalde está causando insatisfação dentro do próprio governo. Segundo fontes do ministério da Economia, o ministro Jorge Remes Lenicov teria desabafado a seus assessores: ?É preciso que o presidente deixe de criticar os banqueiros e as empresas privatizadas?. No desabafo, feito durante um almoço, o ministro explicou que o país não tem meios para ?ser independente?, e que, se a política de Duhalde continuar como atualmente, a Argentina vai acabar ?como Cuba ou Venezuela?. As críticas de Remes Lenicov surpreenderam seus próprios assessores, já que o ministro é um ?duhaldista? de longa data. Cansado das idas e vindas de seu chefe, Lenicov afirmou que ?Duhalde não está ajudando? e que, apesar dos pedidos de diversos representantes do establishment, não se interessa em reunir-se com eles. Ameaça de saque Remes Lenicov não é o único insatisfeito. Nesta terça-feira, milhares de desempregados nas cidades de La Plata, Quilmes e Bahía Blanca cercaram supermercados para exigir a entrega de sacolas com comida. Na cidade de Campana um grupo de pessoas tentou saquear caminhões que carregavam alimentos. Em La Matanza, 200 integrantes de um grupo denominado ?Sem-Terra? fez um piquete em uma estrada, pedindo a entrega de terrenos para moradias. Para complicar a situação de Duhalde, o sindicato dos ferroviários decidiu realizar nesta quarta-feira uma greve nas principais linhas que ligam as cidades da Grande Buenos Aires à capital argentina. Leia o especial

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