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Durante cerimônia, ministra encarna a ''mãe'' do PAC

Em discurso no Planalto, Dilma exalta o programa e diz que País está virando um ?grande canteiro de obras?

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa
Atualização:

Em mais uma cerimônia na qual vestiu o figurino de "mãe" do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o governo está cumprindo a promessa de acabar com os "esqueletos" de importantes obras paralisadas. "O Brasil, de fato, está virando um grande canteiro de obras", discursou Dilma, no Palácio do Planalto. Diante de uma platéia formada por governadores e prefeitos, a ministra assumiu tom de gerente do governo e não fugiu do script: durante 15 minutos, só falou do PAC. A solenidade organizada para assinar contratos do PAC ocorreu horas depois de Dilma ter dito, em entrevista à Rádio Gaúcha, que as denúncias da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, compõem o repertório do "fogo inimigo". Denise acusa a ministra de pressionar a Anac no processo de venda da Varig e da VarigLog. O governo decidiu não entrar em bate-boca e aguarda o depoimento da ex-diretora da Anac na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, na quarta-feira, para mensurar o tamanho do estrago e redefinir sua estratégia. As acusações de Denise preocupam o Planalto e seu potencial de provocar crise é considerado maior do que o escândalo do dossiê montado na Casa Civil com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mesmo assim, Dilma avalia que não vale a pena responder a cada acusação de forma pontual, para não alimentar ainda mais a polêmica. MEIO AMBIENTE Depois de entrar em rota de colisão com Marina Silva (PT), que deixou o Ministério do Meio Ambiente há 25 dias e retomou sua cadeira no Senado, a chefe da Casa Civil procurou ontem desfazer a imagem de que defende o desenvolvimento a qualquer custo. "Investir em meio ambiente, em água tratada e acabar com o esgoto a céu aberto é algo crucial para o governo", garantiu. "Obra de saneamento também é obra de proteção ao meio ambiente porque, caso contrário, comprometemos os nossos rios e mananciais." Vestida com um terno cor de vinho, Dilma fez discurso sob medida para agradar à eclética platéia, composta por políticos do PT, do PMDB, do PSDB e até do DEM. "O PAC tem desempenho crescentemente eficiente porque tivemos a capacidade de nos organizar em parceria: Estados, prefeituras e União", disse a ministra na cerimônia, que liberou recursos da ordem de R$ 1,861 bilhão para nove Estados. Para ela, a tática possibilitou encerrar um período de duas décadas "sem investimentos significativos" em saneamento e distribuir recursos. Pouco antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva incluí-la, em discurso de improviso, no time dos ministros "duros" nas negociações - ao lado de Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) -, Dilma esforçou-se para imprimir estilo menos técnico à sua fala. Seguiu conselho de Lula, que a considera o melhor nome do PT, até agora, para concorrer à sucessão presidencial de 2010. "Nós reconhecemos que investir em infra-estrutura é também acabar com a desigualdade", admitiu a ministra. Foi aplaudida. Dilma elogiou o programa Bolsa-Família e disse que o governo continuará a manter o crescimento do País "de forma contínua". Na tentativa de mostrar que a distribuição de renda ocorre em ritmo satisfatório, lembrou que 20 milhões de brasileiros já migraram das camadas D e E para a classe média. "É impossível pensar que nesse mundo moderno alguém vá ser um cidadão integral se não for consumidor e não tiver acesso aos benefícios do crescimento", argumentou. Para a gerente do governo, o Bolsa-Família, o PAC e o programa de educação são responsáveis pela "modificação no cenário do País" nesses últimos anos.

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