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Dúvida de cidades é se ‘bonança’ do home office continuará após a pandemia

Especialista acredita que movimento vai depender do comportamento das empresas e também da volta às aulas presenciais

Por Lílian Cunha
Atualização:

O vice-prefeito de Porto Seguro, Paulo Onishi (PL), diz que a prefeitura tem um plano para fazer do município uma “cidade inteligente”, com internet forte, conexão gratuita, semáforos integrados e câmeras de segurança – assim, espera perpetuar esse movimento de turistas digitais. “Acreditamos que essa mudança que vem com o novo tipo de profissional digital está aí para ficar. Não é só uma moda. Muita gente vai querer vir para cá para trabalhar, mesmo depois da pandemia.”

Porto Seguro quer investir para se tornar uma cidade inteligente Foto: Reprodução/Bahia S. Turismo

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Entretanto, é difícil prever se esse movimento populacional irá se manter, segundo o demógrafo José Marcos Pinto da Cunha, professor do Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“Vai depender do comportamento das empresas num pós-pandemia. Muitas sequer adotaram o ‘home office’. Outras caíram de cabeça. E tem ainda as que ficarão num modelo híbrido. Mas a volta às aulas presenciais também conta muito nesse cenário”, afirma.

Para Cunha, esse movimento é uma nova configuração do que foi chamado, nas décadas de 50 e 60, de “metropolitan turn around” (volta metropolitana), nos Estados Unidos. Foi nessa época em que as famílias começaram a se mudar das regiões centrais de grandes cidades para formar os subúrbios, mais afastados. E elas dependiam das “highways”, das estradas, para ir ao trabalho.

“Hoje a ‘highway’, nesse contexto, é a internet. Mas a fuga para um lugar melhor para morar é a mesma”, afirma Cunha. Mesmo que essa migração seja pontual – ou que se perpetue – o fenômeno é capaz de trazer benefícios perenes para as cidades destino desses profissionais.

Como o migrante, desta vez, é um profissional de maior poder aquisitivo, ele tende a demandar novas necessidades para o lugar que escolhe para ficar. “É um fenômeno que se chama ‘ampliação da metropolização’: a pequena cidade de veraneio tende a ganhar mais estrutura para atender esse novo público.”

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