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'É a economia, idiota!'

Foto do author Celso Ming
Por Celso Ming e celso.ming@grupoestado.com.br
Atualização:

Os analistas políticos dedicam-se agora a buscar as razões para o surpreendente mau desempenho do candidato da oposição, José Serra, nas pesquisas de intenção de voto.As avaliações se sucedem. Focam a demora fatal do candidato na formação de alianças, especialmente nos Estados; ou, então, o menosprezo inicial dedicado à candidatura de Dilma Rousseff, considerada "o poste" à espera de transferência de votos do chefe; os sucessivos descarrilamentos na escolha do vice; a excessiva centralização das decisões de campanha; e, até mesmo, os seguidos atrasos no atendimento a compromissos que deixam os outros esperando horas a fio.Essas razões e outras mais da mesma natureza não ajudam a empurrar o candidato. No entanto, é preciso encontrar explicação mais satisfatória em outro departamento, principalmente no comportamento da economia e seus efeitos sobre a vida do eleitor.O presidente Lula fez lá suas bobagens, mas nenhuma chegou a ser tão grande a ponto de comprometer irremediavelmente o desempenho da economia. Depois do vacilo que proveio dos tempos em que o PT pregava "a ruPTura com o modelo neoliberal praticado por FHC"e após as denúncias insistentes da "herança maldita", o governo Lula se dedicou a manter e, até mesmo, a incrementar o tripé que construiu o edifício econômico pós Plano Real: observância (até 2008) do superávit primário de 3,8% do PIB; sistema de metas de inflação e câmbio flutuante.O aprofundamento da previsibilidade da economia que daí proveio desembocou no relativo controle da inflação, na valorização do poder aquisitivo do trabalhador, na expansão da massa salarial, no avanço do crédito e do consumo, no aumento do investimento, na redução da economia informal, no crescimento do emprego e no desenvolvimento de políticas de assistência social.As pessoas mais simples não conseguem recompor todas as relações de causa e efeito, mas mantêm a percepção de que a vida melhorou. Essa sensação de um presente confortável e de um futuro provavelmente melhor é compartilhada por todas as camadas de poder aquisitivo e se reflete positivamente para o governo nas manifestações de intenção de voto.Em 1992, quando disputou com o então presidente George Bush (pai) a Presidência da República dos Estados Unidos, o candidato do Partido Democrata, Bill Clinton, adotou um slogan intrigante engendrado pelos seus marqueteiros: "É a economia, idiota!" Foi a frase que, na época, sintetizou o desconforto geral com o desempenho sofrível da economia e de seu impacto sobre a vida do cidadão comum americano. Por motivos opostos, a atual campanha eleitoral do Brasil começa produzindo efeito semelhante. É a população que espontaneamente manifesta sua relativa satisfação com os resultados da política econômica adotada desde os tempos da administração Fernando Henrique. E esse parece ser o fator mais importante que até aqui vinha sendo ignorado pela oposição.Serra também não perdia oportunidade para proclamar que estava tudo errado na economia: é o sucateamento da indústria, o câmbio fora do lugar e os juros escorchantes impostos por um Banco Central com perfil de "Santa Sé". Fica mesmo difícil mudar esse discurso e sustentar que basta que ele chegue ao governo para tudo melhorar.Em altaAí você tem a trajetória dos preços das commodities a partir de um dos mais importantes índices internacionais, o CRB. A economia dos países ricos continua patinando e, no entanto, a demanda por commodities vai puxando os preços para cima.Demanda asiática Por trás desse rali está o avanço da economia asiática (e não só da China). É mais ou menos generalizada a percepção de que os preços continuarão cavalgando nos próximos 12 meses, especialmente dos alimentos: trigo, soja, milho e açúcar.

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