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‘E AINDA TENHO DE PAGAR TAXA DE ESGOTO’

Por Renée Pereira
Atualização:
  Foto: ESTADAO CONTEUDO

Todo o esgoto produzido por escolas, posto de saúde, casas e alguns condomínios residenciais é jogado num pequeno córrego que fica ao lado do mercadinho de Juliana Vainauskas, no Sítio São Francisco, em Guarulhos. “Quando faz calor, o cheiro é insuportável. Quando chove a situação fica ainda pior, pois a água espalha toda a sujeira pela rua”, afirma a comerciante, que reclama da quantidade de ratos e baratas por causa da sujeira. A situação é tão complicada que Juliana já decidiu mudar o ramo de atividade. “Só estamos esperando vender o estoque. O que mais me indigna é que ainda sou obrigada a pagar uma taxa de esgoto.”

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Na cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, outros moradores sofrem com o mesmo mal. Apesar de ter ampliado o índice de coleta para 85%, só 6,0% do esgoto é tratado. Heraldo Marcon, diretor da SAAE Guarulhos, empresa de saneamento da cidade, diz que hoje o município tem capacidade para tratar 50% do esgoto, mas ainda não consegue atingir esse índice por falta de algumas conexões na rede. “Fizemos uma PPP (Parceria Público-Privada) para elevar o volume de esgoto tratado para 80% até 2018.” O problema é que a sócia da empresa vencedora é a OAS, envolvida na Operação Lava Jato e que está em dificuldades financeiras.

O setor de saneamento é um dos maiores gargalos do Brasil. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, mais de 35 milhões de pessoas não têm acesso ao abastecimento de água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto. “O Brasil ficou mais de duas décadas sem recursos para investir no setor. Até hoje há dificuldade para fazer bons projetos”, afirma o presidente do Trata Brasil, Édison Carlos. Segundo ele, para universalizar os serviços de saneamento básico no País, seria necessário investir R$ 300 bilhões por 20 anos. “O tempo que o governo gasta para analisar um projeto para financiamento é de 23 meses. Não se pode esperar tudo isso.”

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