PUBLICIDADE

'É bom para o Brasil, é bom para você', diz campanha do governo pela Previdência

Moreira Franco afirma que, se mudanças não forem aprovadas, faltará dinheiro para pagar salários e até remédios

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - O governo iniciou uma nova campanha publicitária nesta segunda-feira, 5, com o objetivo de convencer a sociedade sobre a importância de reformar a Previdência. Com o slogan “É bom para o Brasil, é bom para você”, a propaganda adota tom mais contundente e diz que, se não houver mudanças nas regras de aposentadoria, o País vai quebrar.

Moreira afirmou que o Brasil 'não tem mais dinheiro para pagar tanto privilégio'de quem ganha acima de R$ 20 mil reais por mês. Foto: Felipe Rau/Estadão

PUBLICIDADE

A ofensiva de comunicação do governo na TV, em rádios, mídia impressa e redes sociais é na linha do “tudo ou nada” e bate na tecla de que a aposentadoria, a pensão, o emprego e os salários dos brasileiros estão ameaçados. Em conversas reservadas, porém, o núcleo político do Palácio do Planalto admite ser mínima a chance de a Câmara aprovar, no próximo dia 20, as alterações propostas pelo governo no regime de aposentadoria.

“(...) A reforma da Previdência é urgente e necessária. Se ela não for aprovada, faltará dinheiro para pagar a sua aposentadoria, a sua pensão. Faltará dinheiro para pagar os remédios, para pagar os professores, para pagar o salário dos funcionários”, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em um dos vídeos postados nas redes sociais, dando início à campanha produzida pela agência NBS.

++ Temer quer emplacar a reforma tributária em 2018

Moreira afirmou que o Brasil “não tem mais dinheiro para pagar tanto privilégio” de quem ganha acima de R$ 20 mil reais por mês. “Aliás, para que você possa ter uma ideia, o governo federal, no ano passado, para cobrir o rombo da Previdência, gastou dez vezes o orçamento do Bolsa Família, mais de R$ 260 bilhões”, insistiu o ministro.

Colisão. A votação da reforma pôs novamente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em rota de colisão com o Planalto, a oito meses das eleições. Pré-candidato à cadeira do presidente Michel Temer, Maia já disse várias vezes que só levará a proposta a plenário se houver garantias de aprovação. Para receber sinal verde da Câmara, a reforma da Previdência precisa ter o apoio de 308 dos 513 deputados. Somente nesse caso o projeto é encaminhado para votação no Senado, onde necessita do aval de 49 parlamentares.

++ Militar pesa 16 vezes mais no rombo da Previdência que segurado do INSS

Publicidade

No Planalto há uma divergência sobre a melhor estratégia para que o desgaste de mexer na aposentadoria não respingue tanto em Temer. Para muitos, a reforma deve entrar em votação a qualquer custo, mesmo sob risco de derrota. Outros, no entanto, avaliam que, sem apoio, o governo não tem por que passar por esse vexame em plenário. Até agora, apesar dos apelos da equipe de Temer, muitos deputados da base aliada argumentam que tratar de um assunto tão espinhoso, nesse momento, equivale a um “suícidio eleitoral”.

Uma das peças da campanha. Foto: Divulgação

Na tentativa de justificar a urgência das mudanças nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e nas aposentadorias do setor público, o governo insiste em lembrar o colapso desse sistema na Grécia, em Portugal e na Espanha, sem contar a crise vivida no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. Cálculos da equipe econômica indicam que a Grécia gastava com Previdência 13% do Produto Interno Bruto (PIB), quando suas finanças ficaram descontroladas. Esse porcentual seria equivalente ao montante empregado no Brasil com o pagamento dos benefícios.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.