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É cedo para comemorar superávit recorde, previne consultor

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da comemoração, no Planalto, pelo recorde batido nas contas externas brasileiras em 2004 (superávit de US$ 11,7 bilhões), o consultor Luiz Paulo Rosenberg, presidente da Rosenberg Associados, se mantém prudente. Ele alerta que a queda do dólar frente ao real pode comprometer os resultados das transações correntes e o saneamento conquistado no endividamento externo em 2006. Segundo Rosenberg, como as exportações levam de seis meses a um ano para responder à queda da taxa de câmbio, os efeitos só serão mesmo sentidos nos resultados do ano que vem. "As exportações não têm uma resposta imediata à defasagem do câmbio, ao contrário das importações", disse, em entrevista ao Conta Corrente, da "Globo News". Diante dessa reação tardia das exportações à baixa do câmbio, ele prevê bons números para 2005. Mesmo que, na pior das hipóteses, o resultado comercial fique na casa dos US$ 25 bilhões, "ainda será um bom número". "O razoável seria ficar perto de US$ 27 bilhões", ponderou. Projeções para o futuro à parte, Rosenberg mostrou-se otimista com relação ao superávit nas contas externas brasileiras em 2004 e disse que, neste coso sim, há motivos para comemorações. O governo, segundo ele, deve "não só comemorar" como incorporar a idéia de que esses ganhos "não podem ser transitórios e que serão perenizados por um compromisso do governo com saldos comerciais". Só assim, disse, o País poderá se credenciar para receber investimentos de instituições respeitáveis. Sobre a postura do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que defendeu a postura do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, Rosenberg ponderou que, isolando o problema inflacionário, os juros altos são essenciais para se "atingir a meta inflacionária almejada". A questão central que necessita ser focada, na visão do consultor, é que se vale a pena "abortar um processo de retomada de crescimento e de consolidação de ganhos comerciais" e atrair um capital especulativo sobre uma taxa superior a 18% ao ano, simplesmente para que a inflação "seja de 5,8% e não de 6,6%". "Creio que a questão central é discutir qual a inflação aceitável socialmente", enfatizou. Em 2005, a economia brasileira já está internamente desenhada. E, para que sejam mantidos os contornos traçados, será necessário estar atento aos movimentos da economia americana, raciocina. "Quanto mais pressões inflacionárias lá dentro (dos EUA), se o Fed (banco central americano) subir os juros, menos a economia (americana) crescerá, tornando o quadro para uma economia vulnerável como a nossa mais dramático."

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