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Por Celso Ming e celso.ming@grupoestado.com.br
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, interrompeu ontem suas férias em Martha?s Vineyard, Massachusetts, para indicar o economista Ben Bernanke a um segundo mandato na presidência do mais importante banco central do mundo, o Federal Reserve (Fed). A recondução de Bernanke terá de ser aprovada pelo Senado americano. Obama, político do Partido Democrata, apontou um militante do Partido Republicano para continuar à frente do Fed, como tem acontecido nos Estados Unidos. E não poupou elogios à atuação de Bernanke ao longo desta crise, a mais grave desde os anos 30. "Tendo em vista seu preparo, temperamento, coragem e criatividade, ele conseguiu (reverter a crise). E é por isso que o estou indicando para um novo mandato como presidente do Federal Reserve", disse Obama. Bernanke não chegou ileso aonde chegou. Ele tem sido asperamente criticado, não pela sua atuação nos tempos de crise, mas por não ter feito nada antes que a bolha estourasse. E, curiosamente, uma vez determinado a reverter o desastre, o presidente do Fed tomou decisões graves, no limite ou, até mesmo, além do seu mandato formal. Fez injeções diretas no mercado de nada menos que US$ 2 trilhões para desbloquear o crédito. Redescontou títulos privados, socorreu a megasseguradora AIG, mesmo depois de comprovado que ela se dedicara a negócios irresponsáveis. Resgatou as duas grandes operadoras de crédito imobiliário americanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Obrigou o Bank of America a comprar o banco de investimentos Merrill Lynch e supervisionou o repasse do banco Wachovia para o Wells Fargo. Em seguida, conduziu o teste de estresse dos maiores bancos americanos para definir sua capitalização. O último pronunciamento feito por Bernanke, no Simpósio Anual do Fed de Kansas City, no dia 21, é uma pormenorizada prestação de contas desse período tumultuado (ver no site do Fed - www.federalreserve.gov). O Fed teve participação ativa no salvamento de instituições que só indiretamente tiveram a ver com a crise e nem de longe são instituições financeiras, como é o caso das montadoras americanas GM e Chrysler. Ontem Obama também enalteceu o desempenho de Bernanke na reestruturação da indústria de veículos. Há alguns pontos a pinçar nesse episódio. O primeiro deles diz respeito à autonomia do banco central. Nada disso teria sido possível se o Fed não fosse uma instituição de Estado independente do governo americano. Bernanke não só teve plena autonomia para conduzir a política monetária (política de juros), mas, também, para enfrentar, em dobradinha com o Tesouro, o contra-ataque à crise. O segundo ponto é o de que na hora da emergência não se pode cuidar demais das toalhas de linho e da limpeza dos móveis da sala. É o momento em que a lei suprema tem de ser a salvação do sistema, como se sabe desde os primórdios do Direito Romano. E foi o que fez Bernanke. Terceiro ponto, não há ainda certeza de que esta crise tenha sido vencida. Qualquer bombeiro sabe que, mesmo depois de apagado o fogo, outros focos podem voltar. E, nessas horas, não convém trocar o chefe dos bombeiros. Confira Melhor do que o esperado - No fim do ano passado, o mercado (Pesquisa Focus) esperava uma entrada líquida de Investimentos Estrangeiros Diretos de US$ 21,5 bilhões. Mas apenas nos sete primeiros meses do ano já entraram US$ 14 bilhões.

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