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É inevitável tributar poupança, diz presidente do Itaú

Executivo admite que governo sofrerá um desgaste político, mas diz que hoje há condições para se fazer isso

Por Ana Paula Ribeiro e da Agência Estado
Atualização:

O diretor presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou nesta quinta-feira, 7, que é inevitável tributar a caderneta de poupança para que se possa estimular a redução dos juros no País e financiamentos de longo prazo, como os destinados para compra da casa própria. "É inexorável que vamos caminhar para algum nível de tributação na caderneta de poupança", afirmou o executivo durante palestra promovida pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP).

 

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De acordo com Setubal, em um primeiro momento a tributação poderia incidir para valores acima de uma determinada faixa de aplicação, de forma a manter cerca de 95% dos poupadores nas mesmas condições praticadas atualmente. Ou seja, isentos da incidência do imposto de renda. Para o executivo, o modelo adotado no Brasil, em que a poupança é remunerada a 6% ao ano (+TR) com isenção do IR, não beneficia os financiamentos de longo prazo. "O modelo tem de apoiar o financiamento e não o investidor".

 

Como exemplo, ele citou os Estados Unidos, país em que os juros dos financiamentos imobiliários são dedutíveis do Imposto de Renda. "No Brasil, não estamos prontos para liberar todo o mercado, mas a etapa de tributar a poupança é inevitável", reafirmou.

 

O executivo admite que o governo sofrerá um desgaste político ao enfrentar esse problema, mas hoje há condições adequadas para se fazer isso já que os juros estão em queda e caminham para a casa de um dígito. Para Setubal, esse declínio poderá impulsionar a indústria de construção civil. O executivo lembrou que o processo de queda de juros ocorrido nos últimos anos levou ao crescimento da indústria automobilística no país. Na sua avaliação, agora essas recentes reduções poderão propiciar o mesmo efeito na construção civil.

 

Sobre a crise, Setubal acredita que é baixo o risco da situação piorar e que por essa razão a partir do último trimestre do ano o Brasil deverá apresentar melhora nos indicadores de crescimento. O executivo aposta que o País se recuperará mais rápido do que outras economias e apresentará um crescimento sustentável.

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