PUBLICIDADE

Publicidade

‘É melhor errar por fazer demais’, diz Paulo Leme

Para Paulo Leme, os R$ 11,8 bilhões que o governo destinou para a Saúde é pouco

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

“Esquece o teto dos gastos, agora é preciso cuidar dos doentes”, diz o economista Paulo Leme, que já comandou o Goldman Sachs no Brasil e hoje é professor de finanças na Universidade de Miami. Para ele, dada a gravidade da situação, cumprir uma meta fiscal deixou de ter qualquer prioridade e a resposta para a emergência econômica é política fiscal. “Reconheço que o pacote fiscal apresentado pelo governo é significativo, são 2,3% do PIB. Mas acho melhor errar por fazer demais, porque temo que ainda possa ser insuficiente.”

Paulo Leme acredita que dinheiro destinado à crise é insuficiente Foto: JFDIORIO/ESTAD?O

PUBLICIDADE

O economista afirma que os R$ 11,8 bilhões que o governo destinou, em seu pacote emergencial, para a saúde, é pouco. “Duplicaria, triplicaria esse valor para, por exemplo, a construção de hospitais. Utilizaria o exército para montar instalações provisórias.” Leme também defende um incentivo fiscal entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, que poderia ser via postergação de pagamento de impostos, para empresas da área de saúde, como hospitais e indústria farmacêutica, além de subsídios para pesquisas de vacinas e medicamentos.

Leme afirma ainda que o governo deveria ampliar linhas de crédito tanto para pequenas e médias empresas, como para algumas maiores, como as aéreas, e usar o BNDES para comprar debêntures de companhias. Do lado do consumidor, outra rodada de liberação de recursos do FGTS deveria ser providenciada. “O jogo é ser gigantesco e rápido.”

Na área monetária, o economista avalia que a decisão do Banco Central de cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 3,75%, foi muito modesta. Ele reduziria em, pelo menos, mais um ponto porcentual em reunião extraordinária nesta semana.

“O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) está comprando título de municípios. Acha que isso é normal? O erro de 1929 foi não ter uma política monetária expansionista. O Fed corrigiu isso em 2008 e está fazendo isso agora. Qualquer coisa, depois você retira liquidez.”

Além das medidas macroeconômicas, Leme destaca que a questão política -- global e doméstica -- é o alicerce para a recuperação. “Quando o líder americano perde credibilidade global, e fatal. Você não consegue coordenar as políticas.” No caso interno do Brasil, acrescenta que o governo precisa retomar a capacidade de informar a população de forma clara. “O presidente tem de apoiar a equipe de saúde. O País tem de remar na mesma direção.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.