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É necessária uma revisão da política creditícia

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Por Redação
Atualização:

A saúde da economia brasileira depende, fundamentalmente, de um controle da demanda doméstica, cujo ritmo atual de crescimento a indústria nacional não tem plenas condições de atender. Isso gera pressões sobre os preços e obriga o País a recorrer demasiadamente a artigos e produtos importados, que, por sua vez, contribuem para a deterioração da balança comercial e do déficit das transações correntes do balanço de pagamentos.No contexto atual de nossa economia há dois fatores contribuindo para favorecer a aceleração da demanda: as transferências governamentais, que se fazem acompanhar pelo déficit primário das contas públicas, e a expansão do crédito sob todas as formas. A publicação pelo Banco Central dos dados relativos ao crédito no mês de fevereiro nos dá uma visão mais abrangente dos problemas.Em 12 meses, o total das operações de crédito cresceu 16,6%, muito acima do crescimento do PIB. Costuma-se destacar o fato de que o crédito representa uma porção reduzida do PIB: 44,9%, ante 45% no final do ano passado, enquanto em outros países ultrapassa 100% do PIB. Convém, entretanto, levar em conta que estamos num país em construção e que a profunda desigualdade na distribuição de renda não permite ainda que uma grande parte da população tenha acesso ao crédito bancário.É preciso verificar que existe entre nós uma estrutura de crédito totalmente diferente da de outros países. As pessoas físicas recebem créditos equivalentes a 15,05% do PIB, ante apenas 13,5% para as pessoas jurídicas. Os créditos destinados à habitação, que em 12 meses aumentaram 46,4%, representam, no entanto, apenas 20,5% dos outros créditos destinados às famílias, que no mesmo período aumentaram 17,8%. Existe, como se vê, um desequilíbrio no financiamento familiar, com preponderância para o consumo, sem falar ainda do uso dos cartões de crédito, que permite realizar compras financiadas por um ano ou mais.Existem outras anomalias quando se leva em conta a taxa de juros: uma empresa paga um juro de 29,1% ao ano para capital de giro, mas seu empregado consegue crédito consignado a taxa de 27,5%.Todas as operações de crédito no Brasil são excessivamente caras, mas não se justifica o estímulo que foi dado aos consumidores em detrimento das atividades produtivas. Essa política creditícia se podia explicar num período de crise para estimular a economia. Hoje é tempo e hora de se pensar na sua revisão e forçar a população a comprar com parte da sua própria poupança.

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