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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|É o turismo saúde

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São Paulo nunca foi balneário nem estação de águas. E, no entanto, começa a se notabilizar como o maior destino para tratamento de saúde no Brasil.É uma qualidade que começou a aparecer em 1986, quando da doença do então presidente eleito, Tancredo Neves. Na ocasião, foi repetida a frase de que o melhor hospital de Brasília é a ponte aérea para São Paulo.São cerca de 340 mil visitantes por ano que desembarcam na cidade para se submeter a análises clínicas e procedimentos médicos ou para acompanhar quem vem para tratamento.A São Paulo Turismo (SPTuris, que atua como Secretaria Municipal de Turismo) calcula que, apenas no primeiro semestre deste ano, esse universo cresceu 63% a partir das 237 mil viagens motivadas por tratamento de saúde no mesmo período de 2012.São Paulo é o maior polo médico do Brasil, com cerca de 25 mil leitos distribuídos em 105 hospitais, entre públicos e privados. Entre esses, 32 instituições ostentam certificados internacionais de qualidade. A procura cada vez maior de serviços de saúde por brasileiros de outras cidades e por estrangeiros da América Latina é o principal incentivo para investimentos destinados à ampliação e construção de unidades hospitalares.Dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde, de 2006, indicam que a infraestrutura do chamado turismo de saúde no mundo fatura cerca de US$ 60 bilhões por ano. O Brasil ainda não passa de US$ 1,2 bilhão, calcula a organização especializada Patients Beyond Borders. Em São Paulo, o segmento correspondeu a 1,9% dos visitantes em 2012.A SPTuris dá conta de que as principais motivações das visitas a São Paulo continuam sendo negócios (51%) e eventos (25,4%), seguidos por lazer (10,5%). Para o presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), Toni de Sando, embora outros segmentos venham se destacando, São Paulo permanece sendo um destino proeminentemente corporativo. "Esse foco não mudará, a diferença é que temos uma integração cada vez maior com outros setores, o que leva o visitante a permanecer mais tempo usufruindo outros serviços da cidade ", diz.O levantamento da SPTuris confirma a tendência. No primeiro semestre deste ano sobre igual período em 2012, a permanência dos turistas em São Paulo passou de 2,7 para 3,4 dias e seus gastos foram de R$ 1.354,46 para R$ 1.745,96. O São Paulo Convention & Visitors Bureau estima que o turismo de negócios movimente R$ 9 bilhões por ano em São Paulo, com média de 90 mil eventos. "Em alguns picos temos dificuldades de agenda. Se tivéssemos uma oferta maior de espaços para eventos e hotéis, seríamos mais competitivos", afirma o presidente do SPCVB. Os investimentos, no entanto, esbarram na dificuldade de financiamento e no alto custo de terrenos para novas construções. Para o especialista Ricardo Mader, da consultoria Jones Lang LaSalle, o setor hoteleiro passa por um período de estagnação, sem previsão de ampliação nos próximos três anos. Não deixa de ser um limitador para o turismo de saúde, que não precisa só de hospitais./COLABOROU DANIELLE VILLELA

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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