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É preciso educar o olhar sobre as práticas ESG

No novo cenário, diz CEO da Órama, o sistema educacional, público e privado, desempenha papel crucial

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Por Redação
Atualização:
6 min de leitura
Habib Nascif Neto, CEO da Órama Foto: Divulgação/Órama

Uma das pioneiras no País na oferta de investimento digital, criada em 2011 por profissionais experientes do mercado financeiro, a plataforma Órama lançou em outubro um selo ESG para fundos de investimento, com o propósito de estimular boas práticas por parte das gestoras. Nesta entrevista, o CEO da Órama, Habib Nascif Neto, fala sobre os objetivos do novo produto e sobre o mercado de ESG no Brasil.

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Como surgiu o projeto da Órama de criar o selo ESG para fundos de investimento?

O projeto de criar o selo partiu da percepção de que podemos contribuir sempre com algo mais para a sociedade. Começamos a nos questionar, principalmente a partir da eclosão da pandemia do novo coronavírus, em como poderíamos fazer nossa parte e participar de um círculo virtuoso. Isso vem gerando mudanças de perspectivas e de propósitos da empresa, em um exercício contínuo de pensar em legados e estruturação de mudanças genuínas. Pensamos, então, em uma forma de ressignificar os investimentos. Essa reconfiguração mental atinge o negócio e nossas vidas pessoais também.

Dos 600 fundos disponíveis na plataforma, quatro receberão o selo no primeiro momento. Que critérios eles cumpriram para isso?

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Há uma variedade de critérios. Cada gestora expressa suas teses, ideias e preferências de uma forma. Em nossa análise, usamos como base as abordagens da Aliança Global de Investimentos Responsáveis, a GSIA, uma aliança de organizações de investimento sustentável, com membros em todo o mundo. O olhar da GSIA é amplo e avalia questões que vão desde o uso de energia limpa até impactos de engajamento e inclusão nas empresas e em suas práticas de investimentos.

A Órama também está recomendando uma carteira de fundos ESG, com investimento mínimo de R$ 35 mil e horizonte de longo prazo. O que o investidor pode esperar ao optar por essa carteira?

É uma carteira com uma estratégia simples, que combina apenas as classes de renda fixa e renda variável local. Mas é eficiente, com uma relação risco-retorno equilibrada para investimento com horizonte de longo prazo. Como ainda há poucas opções de fundos, a carteira tem o perfil arrojado e é direcionada ao investidor qualificado. São 85% em Renda Fixa (Empirica Vox Impacto 25K) e 15% em Renda Variável (SulAmérica Total Impacto 500, Fama FIA 5K e JGP 20K). Esses porcentuais serão ajustados conforme atualizarmos nosso cenário. O objetivo é alcançar retorno absoluto, acima da inflação, no longo prazo – são pelo menos três anos para avaliação do resultado.

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ESG representa um amadurecimento dos conceitos de sustentabilidade e uma busca por maior equilíbrio entre os stakeholders. Qual o estágio de desenvolvimento que o ESG está, de forma geral, no Brasil? O País está atrasado nesse aspecto em relação ao mercado global?

Por incrível que pareça, não é um tema novo, mas vem ganhando maior visibilidade. Alguns gestores já utilizavam esses filtros, trabalhavam com visão de impacto e responsabilidade. Mas podemos fazer ainda mais e entendemos que, com o selo, é possível contribuir para esse avanço. É preciso educar o olhar de quem ainda não se convenceu sobre os impactos positivos das práticas ESG, e gerar influências positivas na direção de que mais empresas adotem esses critérios. Na adoção desse novo olhar, o sistema educacional, público e privado, desempenha um papel crucial.

600 fundos tem a Órama em sua plataforma. Apenas quatro, agora, vão receber o selo ESG

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Por que uma empresa madura em ESG é potencialmente um bom investimento? Isso demonstra que ela provavelmente terá mais solidez de longo prazo? Como convencer o investidor a pensar no longo prazo e acreditar que vale a pena apostar naquela empresa madura em ESG?

Se uma empresa se preocupa com o ambiente e com o social, ou seja, se tem uma gestão responsável, que vai além dos limites da sua companhia, será valorizada por clientes, colaboradores e consumidores – e isso será revertido para os proprietários e acionistas, não há dúvidas. É importante ecoar as vozes que clamam por mudanças, para alcançar um mundo melhor. O retorno financeiro é apenas uma entre tantas consequências da prática ESG.

No Brasil há uma grande ideologização do tema sustentabilidade. Como esse estigma pode ser superado para que os grandes investidores deem importância cada vez maior aos critérios de ESG?

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A sustentabilidade deve estar nas pautas de todas as empresas, para longevidade e perenidade dos negócios e para o que vamos deixar para as próximas gerações. Não é uma questão de esquerda ou direita. Deve ser uma causa apartidária, sem ideologização.

Como diferenciar as empresas que estão levando o tema a sério e aquelas que praticam o chamado greenwashing, a falsa adesão ou a adesão superficial aos preceitos de sustentabilidade?

As informações hoje estão disponíveis, os stakeholders estão nas redes sociais. Nesse sentido, muita coisa mudou – e para melhor. Não é mais possível, nem aconselhável, jogar para baixo do tapete os danos ao ambiente, nem o tratamento indigno para com os colaboradores, clientes e consumidores. As consequências podem ir muito além dos danos, afetando a imagem e o caixa das empresas. Transparência é fundamental.

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R$35 mil Investimento mínimo para entrar na carteira de fundos ESG da Órama voltada para o longo prazo

Um dos princípios mais importantes de ESG é a transparência para admitir o que não está bom e a definição de planos para superar esses gaps. Empresas que falam abertamente dos problemas são vistas como mais maduras e, portanto, mais atraentes para investidores?

Sim. Recentemente, houve um caso de uma empresa que fez um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, assumindo uma acusação e se comprometendo a pagar uma multa alta. Sabe o que aconteceu? Suas ações subiram. A falta de transparência, de informação, e o comportamento não responsável impactam negativamente os resultados financeiros e a reputação das empresas.

 O que se pode dizer hoje para um investidor brasileiro, não necessariamente um grande investidor, que queira valorizar empresas que seguem para valer os critérios de ESG? Que referências essa pessoa pode ter para tomar suas decisões?

É um tema complexo e ainda estamos aprendendo. Não há uma regra única, uma norma global a seguir. Há diretrizes, bom senso e o desejo de alcançar um mundo melhor. Buscar gestores sérios, com longo histórico e reputação ilibada é um caminho. Se a gestora é signatária do PRI, Principles for Responsible Investment, é um critério adicional.

Há uma relação entre o nível de evolução em ESG e o setor de atuação da empresa? Ou não há uma relação assim tão direta?

Em tese, as empresas mais novas, modernas e tecnológicas já deveriam ter sido criadas sob a ótica do ESG, mas nem sempre é assim que ocorre. Da mesma forma, empresas da chamada “velha economia” podem se adaptar, renovar e inovar.

As informações hoje estão disponíveis. Não é mais possível, nem aconselhável, jogar para baixo do tapete os danos ao ambiente

 

 

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