
15 de março de 2014 | 02h59
Ao divulgar os números relativos ao consumo de eletricidade, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostrou que a expansão da demanda decorre, em primeiro lugar, do clima. As altas temperaturas do verão estimularam o uso de sistemas de refrigeração, o que se refletiu no consumo de energia. Isso ocorreu, inclusive, nos Estados com clima historicamente mais temperado, no Sudeste e no Sul, que respondem por 78% do consumo total do País. O maior número de dias úteis de fevereiro explica por que o consumo industrial foi mais elevado do que o residencial.
Um fato positivo - o aumento da atividade agroindustrial na Região Sul - tornou-se elemento de pressão adicional sobre um sistema que recebeu menos investimentos do que o necessário, por exemplo, nas linhas de transmissão de energia eólica ou na cogeração, a partir do gás natural e do bagaço de cana.
Nos tempos de oferta abundante de energia, falar em racionalização era desconsiderado, pois reduziria o faturamento de geradoras, distribuidoras e transmissores. Uma política de racionalização, no entanto, é hoje mais viável, haja vista a situação dos reservatórios. O risco de racionamento deixou de ser "baixíssimo" e se tornou "baixo", conforme comunicado do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. Em janeiro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, havia falado em risco "zero" e, em fevereiro, em risco "baixíssimo".
O consumo de energia no mês passado foi o maior em 14 anos. Se incluído o de Manaus, que não participava do Sistema Integrado Nacional (SIN) de transmissão, a carga de fevereiro superou os 70,3 mil MW médios, com crescimento de 9,3% em relação a fevereiro de 2013.
Racionalizar o consumo previamente é, sem sombra de dúvida, melhor do que racionar - o que ocorrerá quando já não houver energia a despachar.
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