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'É uma questão de matemática', diz Bolsonaro sobre flexibilização no teto de gastos

Presidente indicou que pode apoiar proposta de mudança na regra que proíbe que a despesas cresçam em ritmo superior à inflação, mas não deixou claro o que pretende fazer efetivamente

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro indicou que pode apoiar a proposta de flexibilizar o teto de gastos, que é a regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. Ele afirmou que a questão é "matemática", mas não deixou claro o que pretende fazer efetivamente. Como o Estadão/Broadcast antecipou, a mudança na regra é defendida pela Casa Civil e pelo comando das Forças Armadas

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"Eu vou ter que cortar a luz de todos os quartéis do Brasil, por exemplo, se nada for feito", disse o presidente ao ser questionado se o governo vai tomar alguma iniciativa para mudar o teto de gastos. Ele falou com a imprensa na saída do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira, 4. 

Bolsonaro relembrou, ainda, que dentro do Orçamento há despesas obrigatórias, como o pagamento com salários, aposentadorias e pensões, e que elas "estão subindo". "Acho que daqui a dois ou três anos vai zerar as despesas discricionárias (gastos de custeio e investimentos). É isso? Isso é uma questão de matemática, nem preciso responder para você, isso é matemática", reagiu ao ser indagado por um jornalista se vai apoiar algum tipo de flexibilização do teto, criado no governo do ex-presidente Michel Temer. Uma revisão do teto está prevista para 2026, mas há quem defenda que o governo antecipe essa discussão.

Presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Dida Sampaio/ Estadão

Como mostrou o Broadcast/Estadão, a preocupação com o aperto fiscal no grupo político e militar ao redor do presidente cresceu porque, mesmo que o governo consiga ampliar a arrecadação e reduzir o rombo das contas públicas nos próximos anos, o teto de gastos apertado e o avanço das despesas obrigatórias (como o pagamento de salários e aposentadorias) reduzirão o espaço para investimentos em obras e programas do governo, dificultando a estratégia do presidente de deixar a sua marca. O próprio Bolsonaro já admitiu que o Orçamento enxuto atrapalha uma possível reeleição em 2022.

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