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Ebola: os custos de uma pandemia

Os governos admitem que os piores efeitos serão sentidos daqui para a frente, mas ainda estão atarefados tentando calcular o custo do vírus

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Por Redação
Atualização:
Vítima de Ebola é recolhida na Monróvia Foto: NYT

Mais e 1.900 pessoas morreram até o momento de Ebola nos quatro países da África ocidental atingidos pela doença, mas muitas mais sofrerão as consequências econômicas. Os governos admitem que os piores efeitos deverão ser sentidos daqui para a frente, mas ainda estão atarefados tentando calcular o custo da pandemia. Aqui estão as preocupações da Libéria:

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O pequeno país cresceu a uma taxa superior a 8% nos últimos anos, depois do conflito, mas agora não esperará tanta sorte. O governo ainda está fazendo os cálculos com o Fundo Monetário Internacional, mas este ano, admite que, por causa do Ebola, suas taxas de crescimento cairão mais de 2%, e já baixa as estimativas para 3,5%.

O ministro das Finanças, Amara Konneh, diz que isto deve ser atribuído principalmente aos prejuízos provocados nos setores de mineração, agricultura e serviços, porque os investidores estão retirando os trabalhadores estrangeiros, as fronteiras foram fechadas e os voos internacionais foram suspensos. As regiões que constituem o celeiro do país encontram-se em quarentena, e o comércio agrícola se tornou impossível. O conglomerado Sime Darby, o maior produtor de óleo de palma listado em Bolsa, reduziu sua produção, e o Sifca Group, empreendimento agrícola da Costa do Marfim, interrompeu as exportações de borracha. Konneh prevê uma queda das exportações de minério de ferro em 2015, porque os investidores, como China Union e Arcelor Mittal, decidiram reduzir gradativamente suas operações e congelar os planos de expansão. A escassez de divisas é a grande preocupação.

O Ministério das Finanças calcula a perda de US$ 30 milhões de receitas; uma quantia "significativa", ele afirma, no contexto do seu magro orçamento. Somando-se a isto os altos custos do combate ao vírus, será fácil perceber que o país enfrentará um enorme déficit fiscal, mesmo considerando a ajuda internacional. O governo adotou medidas de austeridade fiscal para compensar esta situação, inclusive suspendeu todas as viagens oficiais ao exterior. Mas é possível que mesmo assim tenha de recorrer o FMI para uma ajuda adicional.

Neste momento, diz Konneh, a prioridade para o governo é a alocação de recursos suficientes ao setor de saúde. Depois disso, a preocupação é pagar os funcionários públicos. Em seguida, vem a segurança para que a quarentena e o toque de recolher sejam obedecidos. O restante, por enquanto, terá de esperar.

© 2014 The Economist Newspaper Limited. Todos os direitos reservados.

Da Economist.com, traduzido por Anna Capovilla, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado no site www.economist.com

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