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EBX será implantada no Pantanal; moradores desaprovam

O investimento de US$ 75 milhões gerará 15 tipos de impactos ambientais negativos. População protesta contra a construção

Por Agencia Estado
Atualização:

Está confirmada a implantação da Siderúrgica EBX em Corumbá, Pantanal de Mato Grosso do Sul, no oeste do Estado. O conglomerado siderúrgico liderado pelo empresário brasileiro, Eike Batista, ocupará 60 hectares de área no distrito de Antônio Maria Coelho, a 40 quilômetros do centro da cidade. O parque industrial produzirá carvão vegetal feito de eucalipto, cuja produção é de 1,18 milhão de metros cúbicos de madeira por safra. Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, José Elias Moreira, a construção da indústria poderá ser iniciada no próximo mês, logo depois da aprovação pela pasta, do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental(EIA-Rima). Serão investidos US$ 75 milhões durante os 16 meses de obras, gerando 2.600 empregos na fase de construção e 230 na operação, quando iniciará a produção de 375 mil toneladas por ano de ferro gusa. "Já passamos da fase de elaboração do EIA-Rima, audiência pública e agora estamos na análise do estudo. Acredito que até o final deste mês o início de junho, a licença de instalação da siderúrgica seja concedida à empresa", disse Moreira. Diretores da EBX, que estiveram acompanhando as etapas de legalização para a instalação do empreendimento durante toda a semana passada em Corumbá, afirmaram total disposição para a construção. Impactos negativos No EIA-Rima foram apontados 15 tipos de impactos negativos no Pantanal em decorrência do funcionamento da siderúrgica. Entre eles estão a interferência sobre a cobertura vegetal e fauna local, geração de ruídos, de poeira e gases, de afluentes líquidos, alterações na paisagem natural, interferências com uso e ocupação das terras, pressão no quadro da saúde pública local e alteração no cotidiano da população. Para o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira (PT), os impactos negativos ao meio ambiente "não são bicho de sete cabeças". Ele comentou que "há impactos, é claro, mas podem ser minimizados. A empresa mostrou que atende às normas e à legislação. Vejo perspectiva de geração de emprego e renda, além da possibilidade de agregar valor ao minério produzido em nossa região". Manifestações Um lugarejo pacato habitado por famílias centenárias, que vivem da produção rural. Dezoito áreas dessa gente serão desapropriadas para dar lugar à siderúrgica, fato que está agitando o local. Um grupo de 60 sem-teto acampado no centro do distrito vestiu camisetas brancas com a frase em letras vermelhas no peito: "Siderúrgica para quê?". A pergunta que os sem-teto fazem é a de que "porque nós temos que engolir calado o que a Bolívia botou para fora?". Nem Moreira ou Oliveira respondem a interrogação. Para os empreendedores, o carvão vegetal é a principal matéria prima. Estima-se a necessidade de 216 mil toneladas por ano o consumo pra atender a demanda industrial. Serão produzidas 5 milhões de mudas de eucalipto para serem plantadas em áreas compradas ou arrendadas. Durante os seis anos que precisam para atingir a idade de corte de da cada muda, a indústria utilizará carvão vegetal já produzido, sendo 70% de origem paraguaia e o restante do Brasil. Providências Essas providências citadas no EIA-Rima não convencem o pequeno grupo de manifestantes, que aos poucos cresce. Várias organizações não governamentais de proteção ao meio ambiente freqüentam o acampamento em Antônio Maria Coelho, oferecendo apoio aos sem-teto. Por enquanto os membros de cada uma delas preferem não serem identificados. "A partir de junho, vocês conhecerão quem está contra a instalação da EBX no Pantanal. Ora, se Bolívia não permitiu o uso de carvão vegetal na siderúrgica, porque que nós aqui, no centro do Pantanal, com o gasoduto do gás natural passando nas nossas portas, vamos permitir isso?", questionou um deles.

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