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Economia americana cresce no nível mais baixo desde 2003

Setor imobiliário foi o responsável pelo crescimento de 1,6% no 3º trimestre

Por Agencia Estado
Atualização:

A fraqueza do setor imobiliário se tornou um peso para a economia americana, que cresceu 1,6% no terceiro trimestre, o nível mais baixo desde o início de 2003. O número, divulgado nesta sexta-feira pelo Departamento de Comércio, surpreendeu negativamente a maioria dos analistas, que tinham previsto um aumento de 2,1% no Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro. O setor imobiliário, que sofre um forte golpe após anos de bom desempenho, impediu que a principal economia mundial cumprisse suas expectativas. O governo americano anunciou na quinta-feira que o preço médio das casas novas dos Estados Unidos registrou em setembro a maior queda em 35 anos. As estatísticas divulgadas nesta sexta mostram que a despesa na construção se contraiu a um ritmo anual de 17,4% no terceiro trimestre, a maior redução desde 1991. Ken Mayland, presidente da empresa de consultoria ClearView Economics, destacou a repercussão dessa queda, ao afirmar que levou à redução de 1,1 ponto percentual do PIB. No começo do ano, os EUA tiveram um sólido crescimento, de 5,6%, o número mais alto em dois anos e meio. O crescimento desacelerou até 2,6% no segundo trimestre, devido à fraqueza no consumo, aos maiores preços da energia e ao encarecimento do crédito. No terceiro trimestre, a economia continuou perdendo vapor, mas a despesa dos consumidores inclusive aumentou, a ritmo de 3,1%, frente a 2,6% entre abril e junho. A força do consumo fez com que economistas como Joel Naroff, presidente da empresa de consultoria Naroff Economic Advisors, afirmassem nesta sexta que o relatório sobre o PIB "não é tão ruim". "Sem levar em conta o setor imobiliário, a economia evoluiu muito favoravelmente", disse Naroff. Outros especialistas estão menos otimistas e alertam sobre a capacidade do setor imobiliário para atingir o principal pilar da economia americana: o consumo, que representa pouco mais de dois terços do PIB. Durante os últimos anos, as famílias americanas hipotecaram suas casas várias vezes para financiar suas despesas. A queda nos preços das casas ameaça essa fonte de efetivo, e poderia fazer com que os consumidores tenham que apertar o cinto. Os sinais de fraqueza econômica chegam a apenas alguns dias das eleições legislativas de 7 de novembro e poderiam afetar ainda mais a popularidade republicana. O partido no poder insistiu nas últimas semanas no bom desempenho da economia, uma de suas armas eleitorais. A economia é, de fato, um dos assuntos que mais importam aos eleitores, e - segundo a última pesquisa do instituto Ipsos - os votantes confiam agora mais na capacidade de gestão econômica dos democratas que na dos republicanos. O indicador anunciado nesta sexta pode ajudar a reforçar essa impressão, ao representar o dado mais fraco em mais de três anos. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, minimizou a importância da notícia, ao dizer que "todo mundo esperava isso". Snow atribuiu a contração aos maiores preços da energia e à campanha de altas de taxas de juros que terminou em junho deste ano, após 17 aumentos consecutivos dos juros. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) decidiu manter nesta semana suas taxas de juros de referência sem mudanças pela terceira vez consecutiva, em 5,25%, diante dos sinais de esfriamento econômico. O banco central alertou que a inflação continua alta, mas expressou sua confiança de que a moderação econômica freie o aumento de preços. Um indicador de inflação vinculado ao relatório sobre o PIB mostra que o núcleo da inflação - que não leva em conta os preços dos alimentos e da energia - foi de 2,3% entre julho e setembro, abaixo do 2,7% do segundo trimestre. O PIB inclui todos os bens e serviços produzidos nos EUA e é considerado o melhor termômetro da saúde econômica do país.

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