PUBLICIDADE

Economia americana pode afetar recuperação da AL

Por Agencia Estado
Atualização:

Os sucessivos sinais de queda na atividade econômica nos Estados Unidos e Europa, além do temor da deflação, representam uma crescente ameaça ao ritmo de recuperação dos países latino-americanas. Essa preocupação ficou patente durante o primeiro dia do encontro de governadores de bancos centrais do continente americano, que conta com a participação do presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles. Ele observou que o cenário externo continua favorável para os mercados emergentes, mas disse que um agravamento da situação econômica nos EUA e na Europa poderia aumentar a aversão ao risco. "Num primeiro momento, o que está acontecendo no mundo hoje é positivo para a América Latina, que oferece retornos mais elevados para os investidores", disse o presidente do BC. "Mas se esta recuperação lenta nos EUA se transformar num ´double dip´(duplo mergulho recessivo) ou deflação, a aversão ao risco em geral poderá aumentar", afirmou. Já o vice-governador do Banco Central da Argentina, Pedro Lacoste, a situação da economia norte-americana justifica uma crescente preocupação na América Latina. ?Países como Argentina, Brasil e Chile estão vivendo uma fase de recuperação", disse Lacoste. "Mas uma recessão mundial poderia ser um fator de contenção dessa recuperação." Lacoste salientou que os Estados Unidos "estão diante de um animal novo, a deflação, que já assolou a Argentina e o Japão". Segundo ele, uma redução dos juros nos Estados Unidos para combater um quadro deflacionário poderia até estimular os fluxos de investimentos de curto prazo na América Latina. "Mas a questão é que esses fluxos, quando chegam de uma forma exagerada; criam uma série de outros problemas?. Meirelles destaca otimismo do BC americano Meirelles disse que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, continua confiante na recuperação da economia norte-americana baseado em dois fatores principais: os ganhos de produtividade e a manutenção do vigor do mercado imobiliário doméstico, que ainda sustentaria o forte nível de consumo nos Estados Unidos. Sinais duvidosos Desde ontem, ativos e moedas de países emergentes, inclusive do Brasil, sofreram consideráveis perdas nos mercados internacionais após um longo período de alta. Segundo analistas, esse recuo foi causado, em boa parte, por um movimento de realização de lucros entre investidores internacionais. Entretanto, embora seja muito prematuro afirmar que essa tendência negativa possa ser sustentável, eles observaram que ela pode ter sido também alimentada por uma maior aversão ao risco, resultado da perspectiva mais negativa para as economias dos Estados Unidos e européia. Meirelles demonstrou tranquilidade diante dessa queda dos preços dos papéis da dívida externa brasileira. Segundo ele, "variações como essas são normais, mas a tendência de médio e longo prazos continua sendo positiva".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.