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Economia brasileira pode ter começado a se recuperar, diz IBGE

Por Agencia Estado
Atualização:

A economia brasileira pode ter iniciado a recuperação no primeiro trimestre deste ano, após quatro trimestres seguidos de desaceleração. A avaliação é do chefe do Departamento de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), Eduardo Nunes. Mas ele faz questão de ressaltar que essa sinalização só ficará mais clara após a divulgação dos dados do segundo trimestre. "Se os dados do atual trimestre forem na mesma direção, será possível afirmar que houve inversão na tendência de desaceleração", complementou Roberto Olinto, responsável pela divulgação do PIB trimestral. O PIB no primeiro trimestre registrou queda de 0,73% em relação ao primeiro trimestre de 2001, fazendo com que o acumulado em quatro trimestres (bases anuais) recuasse para 0,29% após fechar em 1,51% em 2001 (4,14% em 2000). Na comparação do primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre de 2001 (outubro a dezembro), porém, o IBGE constatou aumento de 1,34% no indicador dessazonalizado. Esse percentual foi o melhor observado nos últimos cinco trimestres. No primeiro trimestre de 2001, por exemplo, esse indicador registrou aumento de 1,17% em relação ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2000), queda de 1,38% no segundo trimestre de 2001 (em relação ao trimestre anterior), queda de 0,44% no terceiro trimestre e estabilidade no quarto trimestre (variação positiva de 0,09%). Curva de longo prazo volta a indicar crescimento O índice de 1,34% para o PIB trimestral em relação ao quarto trimestre de 2001, com dados dessazonalizados, ainda pode sofrer alteração, mas os técnicos da instituição estão confiantes de que há sinais de recuperação da economia. Pela primeira vez o IBGE divulgou dados utilizados internamente pelo órgão, como a curva de tendência de longo prazo da economia, já separada de fatores que alteram o cálculo do PIB, como as "irregularidades" e a "sazonalidade". "O que se observa é que a atividade econômica vinha caindo e a curva voltou a subir no primeiro trimestre", disse Roberto Olinto. Ele fez questão de manter a cautela devido à atipicidade da economia brasileira, apesar de o instituto utilizar a mesma metodologia adotada pelo governo norte-americano, o protocolo X-12, Arima. "Aqui as oscilações são muito fortes e sempre que você faz ajustes, pode detectar surpresas. Nos Estados Unidos, as oscilações são mais suaves", complementou. Eduardo Nunes, chefe do Departamento de Contas Nacionais, acredita que o sinal é "positivo". O fato de ter havido grandes divergências em relação a outras projeções pode ter sido devido aos modelos adotados por outros órgãos, na avaliação de Nunes. Na semana passada o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou projeção de queda de 1,6% do PIB trimestral em relação ao mesmo período de 2001, bem pior que os 0,73% divulgados hoje pelo IBGE. "O software mais difundido no mercado é o E-Views, que traz o protocolo Arima X-11, anterior à atual versão do IBGE", observou. Outra questão é que o modelo matemático segue regras padronizadas, o que nem sempre ocorre na economia nacional. O racionamento de energia elétrica, por exemplo, trouxe "dados novos" para o modelo matemático, que sempre gera oscilações não previstas. Mesmo considerando esses ajustes, porém, a avaliação dos técnicos é que o país pode ter alcançado o fundo do poço no atual ciclo econômico e retomado a tendência de crescimento a partir do primeiro trimestre.

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