Em apenas 48 horas, o governo e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, fizeram tudo o que podiam fazer de errado. E permitiram que a greve dos caminhoneiros colocasse o País em colapso de abastecimento. Rifaram de uma só vez a Petrobras e o maltratado ajuste das contas públicas. A recém-conquistada credibilidade da companhia foi parar na lama.
De quebra, a crise política será ingrediente adicional a derrubar o Produto Interno Bruto (PIB), que estava rodando bem mais devagarinho. Se já estava difícil, agora já se fala numa aceleração da espiral negativa da economia, que paralisa os investimentos e alimenta um quadro fiscal que pode deixar o próximo presidente sem condições de governo por conta da crise fiscal.
Qualquer que seja o resultado das negociações, a conta de todo o jeito vai parar no caixa do Tesouro e o desespero tomou conta de quem é obrigado a colocar na ponta do lápis de onde sairá o dinheiro.
Sob pressão para reduzir os tributos federais incidentes no diesel e na gasolina, a equipe econômica ficou completamente isolada e tenta ganhar tempo para minimizar os prejuízos.
O incômodo maior é que a origem do desgaste com o combustível nasceu nos gabinetes do próprio Palácio do Planalto, como as bençãos do ministro Moreira Franco.
De olho em ganho eleitoral para o presidente Michel Temer, há meses Moreira vem esticando a corda para interferir na política de preços da Petrobras de reajustes frequentes e que tanto incomodava a população. À frente do Ministério de Minas e Energia, depois da reforma ministerial, a pressão dele só aumentou.
Moreira quis que Temer faturasse com a mudança. E Maia e Eunício pegaram carona no movimento dos caminhoneiros. O cálculo político de todos eles deu errado. Incendiaram o País.
A pergunta que fica: a quem interessa piorar a economia em ano de eleições?
REPÓRTER ESPECIAL E COLUNISTA DO BROADCAST