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Economia do mundo em 2007 deve crescer 4,7%

Instituto prevê que resultado será menor do que em 2006 (5,25%) e queda continuará em 2008

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

A economia mundial está desacelerando por causa da redução do crescimento nos EUA, o recente esfriamento na Europa e Japão, preocupações com a inflação chinesa e contaminação da crise das hipotecas de alto risco. Segundo a estimativa do Instituto Peterson de Economia Internacional (IIE), importante centro de pesquisas econômicas, o crescimento mundial deve ficar em 4,75% em 2007, ante 5,25% no ano passado, e cair para 4,25% em 2008. Mas o Brasil vai continuar com ótimo desempenho econômico. De acordo com o IIE, o País vai crescer 4,75% este ano, diante de 3,7% em 2006, e 4,25% no ano que vem. ''''O Brasil está indo muito bem, e não está tão ligado à economia dos Estados Unidos'''', diz Michael Mussa, economista sênior do IIE. Mussa revisou para cima a previsão de crescimento do Brasil para este ano, de 4% para 4,75%. Já o México, cuja economia depende bem mais de exportações para os EUA, terá crescimento de 3% este ano e 3,25% em 2008. De acordo com o economista, ''''a confiança cada vez maior no controle da inflação'''' permitiu ao Banco Central cortar a Selic mais do que a queda da inflação, o que resultou em uma redução da taxa real de juros, que estava ''''em níveis muito altos''''. E isso contribuiu para a ressurgência da demanda doméstica. ''''Há espaço para continuar cortando juros, o que deve dar mais estímulo à demanda doméstica.'''' O economista elogiou a política fiscal, dizendo que ela ''''manteve controle rígido sobre o déficit orçamentário, reduzindo a relação dívida/PIB e aumentando a percepção de que o Brasil não vai voltar às políticas desestabilizadoras do passado''''. Um efeito colateral dessas políticas, segundo Mussa, foi a forte valorização do real, que pode ter efeitos maiores sobre as exportações. O IIE reservou palavras bem menos menos amáveis à Argentina. ''''(Na Argentina) foi adotada a tática de simplesmente mentir sobre dados de inflação'''', disse Mussa. ''''E os salários nominais estão aumentando rapidamente, o que certamente não é mal para o presidente da Argentina, cuja mulher concorre para sucedê-lo.'''' Segundo ele, ''''políticas como as da Argentina entram em colapso cedo ou tarde e geralmente geram crises''''. Mas colapso não parece ser ''''iminente'''' - o IIE projeta o crescimento argentino em 7,5% neste ano e 5,5% no ano que vem. O crescimento dos Estados Unidos vai diminuir por causa da crise imobiliária, embora não vá sofrer tanto, pois as bolsas de valores continuam com ótimo desempenho e houve aceleração das exportações por causa do enfraquecimento do dólar. O IIE prevê crescimento nos EUA de 2% este ano e 2% no ano que vem. Os economistas não vêem motivo para pânico em relação à crise imobiliária, embora enxerguem fragilidades no sistema financeiro alemão e italiano e uma bolha de preços imobiliários na Espanha e Inglaterra.

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