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Economia estima em 31,6 bilhões sobra de créditos extras da covid para 2021

Créditos extraordinários ficam fora do teto de gastos, a regra constitucional que impede o crescimento das despesas acima da inflação

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Por Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli
Atualização:

Depois de muito suspense, o Ministério da Economia estimou em R$ 31,612 bilhões o pagamento de despesas em 2021 decorrentes de gastos da pandemia da covid-19 em 2020. São os chamados Restos a Pagar (RAPs) - despesas transferidas de um ano para o outro - de créditos extraordinários editados com base no orçamento de guerra, que suspendeu as regras fiscais. 

Governo não foi totalmente transparente quando disse que não conseguiria bancar a dívida dos precatórios no Orçamento de 2022. Foto: Washington da Costa/ME

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Os créditos extraordinários ficam fora do teto de gastos, a regra constitucional que impede o crescimento das despesas acima da inflação.

A previsão consta em mensagem modificativa do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, encaminhada nesta terça-feira, 15, pelo Executivo ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Pelo texto, a estimativa de reaberturas e pagamento de restos a pagar de créditos extraordinários com impacto em 2021 ficou nesse valor.

Fonte da área econômica explicou que esse valor já considera o gasto de R$ 20 bilhões com as vacinas que serão compradas pelo governo de prevenção da covid-19.

Esse valor é importante porque dá uma dimensão do "trasbordamento" dos gastos da Covid-19 para o Orçamento de 2021 - uma preocupação dos investidores com o risco de uma espécie de "orçamento paralelo". A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado prevê um valor maior, entre R$ 45 bilhões e R$ 55 bilhões, como mostrou relatório divulgado ontem. Desse total, R$ 29 bilhões de sobras do auxílio emergencial.

Contabilidade

O ministro Bruno Dantas do Tribunal de Contas da União (TCU) deixou um suspense a definição sobre a possibilidade de as despesas feitas em 2020 para o enfrentamento da covid-19 serem pagas em 2021 fora do teto de gastos "Tenho dúvidas sobre restos a pagar originados de créditos extraordinários fora do teto de gastos no ano seguinte", escreveu no twitter ao ser questionado pela reportagem do Estadão/Broadcast.

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Segundo Dantas, o TCU não decidiu a questão, o que ocorrerá nas primeiras sessões de 2021. "O tema é controverso entre nossos auditores. Aguardarei a posição deles", escreveu Dantas. Em acordão recente, o TCU decidiu que o empenho das despesas pode ser feito para a parcela do exercício em curso e para as parcelas que serão executadas até 31 de dezembro de 2021, mediante inscrição em restos a pagar.

Para o Ministério da Economia, não há dúvida: as despesas feitas com crédito extraordinário ficam fora do teto.

Há uma discussão no TCU de que o fato de um gasto ter nascido como crédito extraordinário não perpetua a sua exclusão do limite do teto. "Sai do teto no ano da deliberação do crédito, mas se não conseguiu gastar naquele ano, é preciso observar se o restos a pagar diz respeito a uma despesa emergencial", explicou ao Estadão/Broadcast um fonte do TCU. 

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