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Economia se tornou dependente do BNDES, diz BTG Pactual

Para André Esteves, CEO do banco, movimento de dependência das empresas beira a uma estatização do crédito; executivo fez uma palestra durante o Summit Imobiliário 2015, promovido pelo 'Estadão' e pelo Secovi-SP

Foto do author Aline Bronzati
Por Mário Braga e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

A economia brasileira está ficando dependente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), movimento que beira a uma estatização do crédito, na avaliação do CEO do BTG Pactual, André Esteves. "O BNDES é um órgão que deveria ser orgulho para nós e não me preocupa pela corrupção, mas pelo tamanho, que beira o disfuncional", afirmou ele, em palestra no Summit Imobiliário 2015, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Secovi-SP.

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Os desembolsos do BNDES no ano passado, conforme Esteves, foram quatro vezes maiores do que os do Banco Mundial. A cifra chegou a R$ 187,8 bilhões no ano passado, recuo de 1% ante 2013. O orçamento de desembolsos para este ano é de R$ 170 bilhões. O montante significa um tombo de 9,5%

Segundo ele, o BNDES deve ser utilizado para investimento de longo prazo e para aqueles que o mercado não vai conseguir financiar, como o projeto de Belo Monte, por exemplo. Empréstimos para companhias como Vale, Lojas Americanas e outras, de acordo com Esteves, podem ser obtidos no mercado de capitais e também junto a investidores internacionais. 

O mercado internacional neste momento tem agenda favorável a países emergentes e a taxa de juros zero nas grandes economias se traduz em quantidades significativas de recursos disponíveis para investimentos. "Capital nunca esteve tão disponível para boas ideias", pontuou.

Summit Imobiliario Brasil 2015, realizado no Hotel Grand Hyatt Hoetel, para que agentes do setor debatam os caminhos do mercado. Na foto,da esquerda para a direita,Jan Piotrowski, Helio Magalhães, Gonçalo Bernardo e Basilio Jafet Foto: WERTHER SANTANA / ESTADÃO

Falando a lideranças do setor imobiliário, Esteves afirmou que o segmento sempre foi fonte de oportunidades em "todos os momentos", os favoráveis e os de crise. Para ele, o atual momento é de adversidade e o Brasil deve enfrentar uma retração da economia em 2015. O especialista ponderou, no entanto, que o atual cenário de adversidade não deve ser encarado apenas como uma crise, mas também como de possíveis oportunidades. "Mesmo com a deterioração da confiança no País, o fluxo internacional não cessou", afirmou, em referência à entrada de recursos no País.

Esteves ressaltou que o mercado de equity imobiliário é muito maior que a capitalização da bolsa de valores e que há capital disponível para investimentos. Os programas de relaxamento quantitativos no Japão e na União Europeia foram citados como fatores que aumentam a oferta de recursos na economia global e podem favorecer os negócios. "A da consequência financeira é taxa de juros zero com abundância nunca antes vista de capital", estimou. 

Otimismo. Andre Esteves afirmou que está um pouco mais otimista com a situação da economia brasileira e ressaltou que a ida de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda foi positiva. "Estamos fazendo a reversão de um quadro fiscal e vamos conseguir fazer superávit em 2015", afirmou. A magnitude do superávit, no entanto, ainda é uma dúvida. "Não acho que seja de 1,2% do PIB. Mas pode ser, 0,9%, 0,8%, até 0,75% do PIB. Mas pelo menos o caminho está correto", afirmou. O CEO do BTG Pactual projetou uma retração de cerca de 1,5% do PIB em 2015, e uma expansão de até 2% em 2016, caso a agenda de ajuste fiscal se confirme.

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Esteves apontou o aumento das tarifas de energia elétrica, o aumento da alíquota da Cide sobre a gasolina e a valorização do dólar ante o real como medidas necessárias. "As mudanças de preços intensas no primeiro trimestre de 2015 não são o problema, mas parte da solução", pontuou.

Para ele, o realinhamento de preços era necessário para a retomada do crescimento da economia no ano que vem. "Podemos ter até 2% de crescimento em 2016, o que é muito pouco, disse. Para o CEO do BTG Pactual, o Brasil ainda enfrenta desafios no âmbito da microeconomia e do lado político, mas, na opinião dele, a situação política "deve acalmar" no País. 

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