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Economia sustentável pode aproximar Brasil da China e diversificar o comércio entre os países

Conselho Empresarial Brasil-China vê potencial de estreitar os laços comerciais apostando na economia verde e na tecnologia; entidade apresenta hoje documento ao vice-presidente, Hamilton Mourão, e à ministra da Agricultura, Tereza Cristina

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Mesmo com rusgas políticas nos últimos meses, o comércio entre o Brasil e a China continuou intenso, inclusive durante a pandemia de coronavírus. Prestes a se tornar a maior potência econômica do globo - o que deve ocorrer ao final desta década - todos os esforços da China estão calcados em um crescimento sustentado. O Brasil seria parte importante desse novo modelo de expansão do país asiático, já que tem grande área de preservação e busca oferecer produtos cada vez menos nocivos ao planeta.

Este é um dos temas principais que devem permear a 6ª edição da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), prevista para ser realizada no Brasil no início do próximo ano. Para dar subsídios ao governo brasileiro durante o principal mecanismo de diálogo bilateral dos dois países, o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) preparou o relatório “Sustentabilidade e Tecnologia como Bases para a Cooperação Brasil-China” com propostas sobre os pontos que deveriam ser abordados.

Poluição na China: Pequim tem a meta de zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2060. Foto: Thomas Peter/Reuters

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O documento será entregue nesta quinta-feira, 14, ao vice-presidente, Hamilton Mourão, e à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Mourão é o presidente da Cosban pelo Brasil e o vice-presidente Wang Qishan, pela China. “O documento tem como propósito explicitar meios para a consecução de objetivos sobre os quais já há um significativo grau de consenso”, explicou o presidente do CEBC, embaixador Luiz Augusto Castro Neves.

“Brasil e China podem se beneficiar de uma cooperação mais profunda nessa área, por meio da adoção de compromissos quevisem a valorização e a expansão de práticas e tecnologias sustentáveis no comércio bilateral”, afirma o documento do CEBC. Pequim tem a meta de zerar as emissões líquidas de gases que provocam o efeito estufa (GEE) até 2060. Este também era o prazo do Brasil, mas em abril, o presidente Jair Bolsonaro adiantou o objetivo em 10 anos, durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima.

“A sustentabilidade ganhou um papel central nas políticas públicas da China e é uma questão de sobrevivência também. Então, esta é uma questão relevante para a China e para a agropecuária brasileira também”, diz a diretora-executiva do CEBC, Cláudia Trevisan.

Entre os pontos elencados no relatório na área de sustentabilidade e agricultura está a criação de uma câmara de compensação (clearing) para facilitar as trocas comerciais entre os países. “A ideia é ter uma alternativa ao dólar. Pode ter um importador na China ou um exportador no Brasil que não tenha acesso a uma linha de crédito em dólar. Isso ajuda a diversificar o perfil, reduz custos e abre caminho para exportadores de menor porte”, diz a diretora.

Outro ponto é o de já antecipar as relações para que as trocas entre os dois países possam ocorrer assim que um mercado mundial de carbono for desenhado – há a expectativa de que isso ocorra durante a Conferência do Clima, COP26, marcada para o mês que vem na Escócia. “A proposta é a de que haja um mecanismo de cooperação para preparar o terreno para o mercado global de carbono, então China e Brasil poderão interagir rapidamente. A China deve ter grande demanda por créditos de carbono, e o Brasil tem a oferecer. Vemos isso como uma grande oportunidade futura”, diz Cláudia.

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Há ainda recomendações para troca de conhecimento sobre agricultura sustentável e para ampliar investimentos em finanças verdes e sincronia de procedimentos regulatórios voltados à aprovação de biotecnologia agrícola, entre muitas outras. Já na parte de inovação e tecnologia, há sugestões como intercâmbio técnico, entre empresas e governos e disseminação de informações sobre fundos de venture capital disponíveis na China para o setor privado brasileiro e sobre as oportunidades de investimento no ecossistema de inovação e startups do Brasil para fundos chineses.