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Economista aponta influência externa que dificulta juro menor

Por Agencia Estado
Atualização:

Os esforços do governo em cortar as taxas de juros poderão ser dificultadas ainda mais diante da política econômica adotada pelo governo dos Estados Unidos e que terá repercussões nos mercados emergentes. A avaliação é do economista Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia em 2001 e defensor de uma reforma no sistema financeiro internacional. De passagem por Genebra para reuniões na Organização Mundial do Comércio (OMC) e na ONU, o norte-americano afirmou, em entrevista exclusiva ao Estado, que a política de cortes de impostos do presidente George W.Bush pressionará os resto dos países a aumentar seus juros. "O corte completamente irresponsável de impostos nos Estados Unidos levará provavelmente a um aumento das taxas de juros em todo o mundo nos próximos anos", afirmou o economista. Segundo ele, os governos, inclusive o do Brasil, terão que levar em consideração esse novo ambiente econômico antes de tomarem decisões sobre que rumo darão às suas economias nos próximos meses. "Uma das dificuldades dos governo é que estamos vivendo em uma economia global volátil. Coisas que ocorrem fora do Brasil afetarão o País", alertou Stiglitz, ex-economista chefe do Banco Mundial entre 1997 e 2000. Avaliação O economista fez também uma avaliação dos sete meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e apontou que a queda das taxas de juros no País ainda não abriu um "espaço suficiente" para que os programas sociais fossem implementados como muitos desejavam. O prêmio Nobel lembrou que a política de Brasília foi fruto de uma escolha "deliberada" e que a estratégia do governo deveria ser vista como um processo. "O governo, não sem razão, tomou a decisão de restaurar a credibilidade com o mercado para que houvesse um potencial para que as taxas de juros fossem reduzidas. Isso iria dar uma margem orçamentária para que a agenda social pudesse ser adotada", disse Stiglitz, mostrando um amplo conhecimento sobre a situação no Brasil. "Os benefícios da primeira etapa desse processo, como a queda de juros e a restauração da credibilidade, ocorreram. Mas talvez menos do que muitos desejavam", disse. Para ele, porém, o "grande debate" que deve ocorrer no Brasil nos próximos meses será sobre quanto tempo se levará até que o País consiga passar dessa primeira fase da estratégia para a etapa onde a agenda social conseguirá ser implementada e na qual a economia voltaria a crescer.

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