
04 de agosto de 2015 | 12h33
SÃO PAULO - A noção de que os trabalhadores terceirizados têm salários menores pelo fato de serem terceirizados é equivocada, segundo o economista e professor da FEA/USP, Hélio Zylberstajn. Em sua fala no Fóruns Estadão Brasil Competitivo, nesta terça-feira, 4, o especialista em mercado de trabalho argumentou que os rendimentos menores têm relação com a atividade desenvolvida pelos empregados, e não aos seus vínculos trabalhistas.
"É mais ou menos como comparar o salário de uma pessoa que faz a limpeza de um escritório como o salário de quem desenvolve as atividades do escritório", exemplificou. Segundo o professor, o trabalhador que atua na função terceirizada recebe menos porque tem menos escolaridade, menos qualificação e, por consequência, desempenha função com menor valorização. "O mesmo vale para o argumento do número de acidentes", disse.
Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, argumenta o contrário e defende que a terceirização é, sim, uma forma de precarizar o trabalho. Segundo ele, os salários dos terceirizados são, em média 28% menores, a rotatividade é maior entre esse tipo de empregado, além de o índice de acidentes de trabalho fatais também ser mais elevado. "Essa radiografia permite dizer que houve, em medida importante, a precarização devido à terceirização", afirmou.
Marques afirmou, porém, ser favorável à regulação do tema e citou ainda o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), proposto pelo governo federal, que consiste na redução de 30% da jornada de trabalho com equivalente diminuição dos salários, mas com a compensação de 15% dos rendimentos dos trabalhadores por parte do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). "Talvez o PPE seja uma pista de um programa que nasce do acordo coletivo e isso ode ser solução para a discussão sobre atividade-fim e atividade-meio", pontuou.
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