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Economista receita Vargas e JK para Lula

Por Agencia Estado
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O Brasil tem de assumir um projeto de grande nação, parar de preocupar-se com receitas econômicas ortodoxas e partir decididamente para o desenvolvimento, a exemplo do que fizeram os ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. A receita é do economista Paulo Nogueira Batista, da FGV-SP, cuja fórmula incluiria três ingredientes básicos, conforme explicou em entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News: a redução das metas do superávit primário nas contas públicas, baixa significativa na taxa de juros e a depreciação do real. Para Nogueira Batista, a atual meta de superávit está muito elevada e deveria cair para 3,5% ou 4% do PIB; a taxa real de juros ideal é de 5% ao ano; e o governo deveria trabalhar para estimular uma depreciação do real em relação às moedas estrangeiras (cada dólar passando a valer entre 3,20 e 3,40 reais), o que incrementaria as exportações brasileiras. "Com uma política fiscal e monetária mais expansiva e alguma depreciação cambial, você teria aí um impulso importante que nos daria condições de crescer, não imediatamente, mas ao longo do tempo, em algum momento, num ritmo compatível com a geração de empregos, porque essa é que deve ser a preocupação central, no meu entender", afirmou. Câmbio flutuante O economista da FGV-SP defende, contudo, a permanência da política de câmbio flutuante, por considerá-la o melhor tipo de regime cambial para o País, "mas não o câmbio de pulo, mas orientado, com a intervenção do governo e com a preocupação permanente do Banco Central de ter uma taxa de câmbio competitiva". Alca desidratada Paulo Nogueira Batista disse que preferia esperar os resultados da atual reunião ministerial de Miami para ter uma opinião sobre o que o Brasil pode esperar da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "Mas tudo indica que já há uma vitória tática da diplomacia brasileira. Os Estados Unidos e os outros países aceitaram uma Alca desidratada, que é bastante semelhante à idéia que o Brasil vinha defendendo ao longo de 2003." Ele lembrou que a proposta brasileira na reunião de Tobago era muito semelhante à que está sendo discutida em Miami. "E houve aqui no Brasil toda uma onda, chamando o País de intransigente, de ideológico. Seria até interessante recuperar as bobagens que foram ditas na imprensa, em outubro. Agora, se mostrou que o Brasil não estava tão isolado assim. Mas não há motivos para grandes comemorações, porque essa flexibilização da posição americana foi, provavelmente, temporária. Eles não queriam o fracasso em Miami, e então aceitaram um documento que, provavelmente, vai contemplar a posição brasileira. Mas vão (os americanos) insistir na sua visão anterior da Alca, que era muito inconveniente para o Brasil, como tem dito o governo brasileiro." Evitar o desastre Para o economista, se o Brasil entrar na Alca tal como ela vinha sendo conduzida pelos Estados Unidos até recentemente, o País perderá autonomia em matéria de política econômica e na definição de seu futuro. "Isso seria um desastre. Então, eu compreendo perfeitamente o esforço que o Brasil está fazendo agora em 2003 para tentar esvaziar, digamos assim, a agenda muito pesada da Alca, que os americanos já conseguiram inclusive impor a muitos países do hemisfério."

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