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Economista vê "círculo perverso" nas decisões do BC

Por Agencia Estado
Atualização:

A taxa de juros no Brasil é uma anomalia difícil de entender, afirmou o professor da Fundação Getúlio Vargas, Paulo Nogueira Batista Júnior, entrevistado pelo Conta Corrente, da "Globo News". "Não vejo nenhuma razão convincente para que o Brasil tenha sistematicamente, ao longo de tanto tempo, juros reais tão altos, que causam um estrago tão grande na economia." Nogueira Batista apontou que há um "círculo perverso" entre as expectativas do mercado financeiro e o comportamento do Banco Central. "O BC aumenta a taxa de juros, baseando-se na visão pessimista do comportamento da inflação. A expectativa de inflação do mercado entra na função decisória do BC. Isso provoca novo aumento da taxa de juros e assim por diante, numa situação que vai se consolidando como de certa forma absurda." Na avaliação do economista, a eficácia da política de juros do BC não é tão significativa para conter a inflação. "Os custos provavelmente são muito maiores dos que os eventuais benefícios em termos de impacto sobre a inflação", disse. Sendo assim, o professor da FGV não vê problema em a inflação este ano ficar acima da meta do governo. "Não vai haver nenhum problema maior se o Brasil terminar o ano de 2005 com 6% de inflação ou 7%, como prevê o mercado. Se com isso a gente conseguir praticar juros um pouco menores, ter um crescimento maior e um câmbio menos valorizado, é muito melhor, na minha opinião." Nogueira Batista prevê que 2005 não será um ano tão favorável para economia brasileira como foram 2003 e 2004. "Deve haver uma certa desaceleração da economia mundial." Ele alerta: "É por isso que não se pode baixar a guarda. Não se pode permitir que o câmbio brasileiro continue tão valorizado em relação ao dólar e outras moedas estrangeiras porque as contas externas brasileiras não vão contar em 2005 com um ambiente tão favorável."

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