PUBLICIDADE

Publicidade

Economista vê riscos a superávit em ano eleitoral

Por GUSTAVO PORTO E CARLA ARAÚJO
Atualização:

O economista e professor doutor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Geraldo Biasoto Júnior avaliou, nesta sexta-feira, 28, que o resultado do superávit primário de fevereiro "aparentemente é bom, mas, na verdade, não é". Ele cita que o superávit do governo central subiu de 1,27% para 1,34% do Produto Interno Bruto (PIB) e que o melhor desempenho foi de Estados e municípios, com um esforço fiscal de 0,40% do PIB."Esse superávit que pode chegar a 0,50% do PIB de Estados e municípios vai virar pó até o final do ano, porque principalmente os Estados fizeram caixa até agora para concentrar os gastos neste ano eleitoral, que é o último dos governos locais", disse Biasoto. "Além disso, o governo autorizou um monte de empréstimos recentemente para municípios", completou, citando os mais de R$ 300 milhões liberados, por exemplo, para Porto Alegre (RS) e Ribeirão Preto (SP).Um economista-chefe de um banco relatou ainda que "o resultado positivo do setor público consolidado ainda é reflexo de repasses a municípios na virada do ano" e complementou: "O resultado de hoje mais ou menos anula o resultado ruim de ontem e pode sinalizar um aumento de perspectiva de que o governo consiga cumprir sua meta fiscal no ano; mas ainda é cedo para avaliar".TesouroNa abertura dos dados, Biasoto cita a queda na receita bruta do Tesouro, de uma média de R$ 77,8 bilhões nos últimos meses de 2013 e de um total de R$ 100 bilhões no começo do ano, para R$ 62,3 bilhões em fevereiro. "Tudo bem que janeiro o governo tenha pagamentos concentrados, como imposto de renda trimestral, mas a queda de receitas foi mais forte que a aceitável pela sazonalidade tributária."O professor da Unicamp elogiou a "travada" do governo nas despesas de custeio e capital, para R$ 23,5 bilhões em fevereiro, ante uma média de R$ 31 bilhões no último semestre de 2013, mas considerou o resultado difícil de ser repetido. "De novo, como é ano eleitoral, o primeiro semestre será de gastos para fazer e liberar convênios, permitidos apenas no período, e, ainda, para honrar compromissos políticos que venham a ser feitos", disse. "Portanto, o déficit de R$ 3,4 bilhões do tesouro deve crescer", concluiu Biasoto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.