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Economistas alertam para risco de retaliação contra Canadá

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da insistência da Embraer de que o governo deveria retaliar o Canadá, economistas alertam que uma medida como essa pode ser prejudicial não apenas para Ottawa mas também para os interesses brasileiros. Na segunda-feira, a Organização Mundial do Comércio (OMC) condenou os subsídios dados pelo Canadá às exportações de jatos da Bombardier. De acordo com o governo, a política de ajuda canadense acabava tirando a competitividade dos aviões da Embraer, que concorriam pelo mercado internacional de jatos regionais. Caso o Canadá não cumpra a determinação da OMC de retirar os subsídios, o Brasil poderia aplicar retaliações aos produtos canadenses no valor equivalente aos prejuízos da Embraer. Na avaliação da empresa, esse valor seria de US$ 4 bilhões. O problema é que, caso o Brasil decida no futuro aplicar as sanções, as medidas seriam adotadas sobre os produtos que o Canadá exporta para o mercado nacional, aumentando as tarifas sobre itens como máquinas, papel e celulose e fertilizantes. Nenhum desses produtos, porém, faz parte do setor aeronáutico e uma disputa entre Bombardier e Embraer acabaria prejudicando outros setores da economia. Os produtos fertilizantes são o terceiro item na pauta de exportações do Canadá para o Brasil e a interrupção desse fluxo forçaria o País a ter de buscar novos fornecedores externos para não afetar o preço final dos produtos agrícolas. Outro possível cenário seria o aumento no preço desses produtos no Brasil, já que os consumidores não poderiam mais contar com a oferta canadense. Além disso, se o valor de US$ 4 bilhões for confirmado como base da sanção, isso significaria a interrupção das exportações do Canadá ao Brasil durante quatro anos. Para um consultor da OMC entrevistado pela Agência Estado, a retaliação não é positiva para nenhum dos países. "O Canadá perderia a possibilidade de exportar, mas a economia do Brasil também poderia ser afetada", afirmou. De fato, a retaliação como forma de punir outro país por adotar legislações que não estão de acordo com a OMC começa a ser questionada dentro da organização. O próprio diretor da OMC, Mike Moore, já deixou claro que retaliar não é uma solução para uma disputa. Por enquanto, o mais provável é que o Brasil utilize a possibilidade de retaliar como mais uma arma para barganhar, no dia 8 de fevereiro em Nova York, uma solução pacífica para o conflito comercial que já entra no sexto ano.

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