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Economistas da FGV debatem cenário marcado por inflação, estiagem e crise política

Seminário online realizado em parceria com o 'Estadão' acontece nesta quinta-feira, às 10h

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Após o presidente Jair Bolsonaro elevar o tom da crise política com seus discursos nas manifestações pró-governo no 7 de Setembro, pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) traçarão nesta quinta-feira, 9, às 10 horas, as principais linhas do cenário econômico, em seminário online organizado em parceria com o Estadão.

Nos últimos meses, esse cenário piorou. Um crescimento econômico acima do esperado no primeiro trimestre tinha fomentado projeções de bom desempenho da economia no médio prazo, mas a combinação da estiagem, que pressiona a inflação, com a crise política vem jogando por terra essa possibilidade. 

Acompanhe o seminário aqui:

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As garras da inflação já tinham deixado suas marcas na atividade econômica do segundo trimestre, diante da retração de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB), na comparação com os três primeiros meses do ano. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na semana passada, mostraram que a estagnação econômica foi puxada pelo ritmo letárgico do consumo das famílias, diretamente atingido pela inflação. Tanto que o Ibre/FGV já revisou para baixo sua projeção de crescimento econômico deste ano, para 4,9%, ante os 5,2% projetados anteriormente. 

Segundo Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, do Ibre/FGV, que detalhará as estimativas no seminário desta quinta, a alta expressiva neste ano se deve mais a uma “recuperação cíclica” da queda de 4,1% no PIB de 2020, do que ao dinamismo da atividade econômica. Na definição da economista, essa recuperação é puxada por um “crescimento automático” dos negócios, movido simplesmente por um movimento de “normalização” no funcionamento de algumas atividades, com destaque para serviços em geral, como bares e restaurantes, salões de beleza e atividades de turismo.

Parte da “normalização” já apareceu nos dados do PIB do segundo trimestre. Segundo Matos, o movimento deverá continuar no segundo semestre. Mesmo que não seja a um ritmo pujante, será mais forte do que em 2020, garantindo o “crescimento automático”. Só que os obstáculos, como a inflação causada pela crise hídrica e a restrição à produção industrial por causa da escassez e do encarecimento de matérias-primas, deverão impedir um avanço mais forte e rápido.

Inflação já tinhadeixado marca na atividade econômica do segundo trimestre; estagnação foi puxada pelo ritmo letárgico do consumo das famílias. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A elevação do tom da crise política por causa dos discursos do presidente Bolsonaro piora ainda mais o cenário, especialmente para 2022, disse Silvia Matos. O investimento é “penalizado”. O Ibre/FGV projeta crescimento de apenas 1,4% nos investimentos em 2022, muito abaixo do ritmo estimado para este ano, de um salto de 13,2% sobre 2020. Nesse quadro, as projeções de economistas de mercado colhidas pelo Banco Central (BC) no Boletim Focus agora apontam para uma alta de apenas 1,93% no PIB do próximo ano.

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Além de Silvia Matos, também participarão do seminário os pesquisadores do Ibre/FGV Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada, e José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários. O 3.º Seminário de Análise Conjuntural de 2021 do Ibre/FGV integra o ciclo de debates do instituto com o Estadão. A moderação ficará a cargo de Adriana Fernandes, jornalista do Estadão