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Economistas já esperam novo corte de 0,25 ponto em outubro

Para eles, preocupação do Fed é evitar que a crise provoque recessão

Por Nalu Fernandes
Atualização:

As reduções de 0,5 ponto porcentual no juro básico e na taxa de redesconto, somadas ao comunicado divulgado ontem, indicam que o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc) realizará mais um corte do juro, mas de menor magnitude (0,25 ponto), em outubro. Essa é a opinião de vários analistas econômicos de Wall Street ouvidos pelo Estado. A redução do juro básico de ontem foi a primeira em quatro anos. O corte anterior foi em junho de 2003, quando a taxa básica foi reduzida de 1,25% para 1%. Com relação à taxa de redesconto, em 17 de agosto ela foi cortada em 0,5 ponto, com objetivo de amenizar o aperto de liquidez no mercado financeiro. O economista do RBC Financial Capital para os EUA, Paul Ferley, avalia que o relatório de emprego relativo a agosto, que mostrou contração no número de postos de trabalho, revelou que era elevado o risco do impacto da turbulência nos mercados sobre o crescimento do país. ''''O objetivo do corte é ajudar a economia.'''' Na avaliação dos estrategistas, a decisão do Fed é resultado das indicações de que o enfraquecimento em Wall Street está afetando a chamada ''''Main Street'''', ou seja, a vida dos americanos por meio da economia real, e não apenas pesando sobre os investimentos no mercado financeiro. Mais do que isso, vários analistas classificam que, particularmente, o mercado de imóveis residenciais já está em território recessivo e vem pesando diretamente sobre o crescimento econômico do país. O economista-chefe do banco Wachovia, John Silvia, observa que a decisão e o comunicado revelam que o Fed está preocupado com o impacto negativo da turbulência nos mercados sobre a economia. ''''O Fed quer estar à frente do problema.'''' Ainda assim, o corte da taxa de redesconto beneficia bancos e instituições que estão enfrentando diretamente a escassez de liquidez nos mercados, avalia. O vice-presidente sênior e diretor de pesquisa econômica da Alliance Bernstein, Joe Carson, concorda que foi um movimento ''''preventivo'''' e classifica como surpreendente a decisão. Essa opinião é compartilhada por várias instituições em Wall Street. No entanto, Carson estima que ''''o corte agressivo (do juro básico) tem por objetivo lidar com as expectativas e determinar a trajetória futura para o crescimento do país''''. Para o economista sênior do banco Wells Fargo, Scott Anderson, ''''o corte foi uma dose saudável de remédio para a economia''''. ''''Há riscos claros ao crescimento e o corte foi agressivo para evitar a recessão'''', completa. O economista Robert Mellman, do JP Morgan, previa um corte menor, mas acredita que o Fed foi capaz de evitar o temido risco moral por causa do estado da economia local. Ele cita também o claro enfraquecimento do mercado de imóveis residenciais no país. ''''É uma bobagem falar em risco moral quando é a economia que está em risco. Houve um resgate da economia, e não dos investidores'''', afirma o economista-chefe da Standard and Poor''''s, David Wyss.

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