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Economistas já prevêem nova alta de 0,75 no juro em setembro

Para José Márcio Camargo, da Tendências Consultoria, cenário atual de inflação no País é 'preocupante'

Por Jacqueline Farid e da Agência Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) tinha acabado de anunciar o aumento nos juros, nesta quarta-feira, 23, quando economistas já apostavam em nova elevação de 0,75 ponto da taxa Selic na próxima reunião, marcada para os dias 9 e 10 de setembro. José Márcio Camargo, da Tendências Consultoria, considera o cenário atual de inflação "preocupante". Segundo ele, a pressão dos preços está não apenas nos alimentos, mas também nos serviços e produtos industriais, o que vem elevando os núcleos inflacionários.   Veja também: Acrefi se diz 'surpresa' com decisão do Copom sobre Selic Força Sindical critica 'aumento cavalar' da taxa de juros Indústria critica alta da Selic e fala em 'vírus da inflação' Copom surpreende e eleva a taxa de juros em 0,75 ponto Juro maior é ineficiente sem corte de gastos, diz Fecomércio   Camargo avalia que a elevação de 0,75 ponto é coerente com esse cenário e as expectativas de inflação só vão ceder "quando o aperto monetário se refletir sobre a demanda".   O economista da Tendências disse ainda que o Copom elevou a dosagem de aumento da taxa Selic, que vinha aumentando 0,50 ponto desde abril, porque as expectativas de inflação "estavam subindo de forma muito forte". Para ele, a próxima reunião do Comitê também vai resultar em aumento de 0,75 ponto na taxa básica de juros.   A expectativa de nova elevação de 0,75 ponto é compartilhada também pelo economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ. Para ele, a decisão tomada ontem pelo Copom mostra não que os juros vão subir mais que o esperado, mas sim que vão subir mais rápido. "O Copom está acelerando o processo para chegar mais rapidamente ao patamar de juros que considera adequado para reduzir a inflação", afirmou.   Para Cunha, as taxas de inflação de agosto e setembro já serão bem inferiores às apresentadas em junho e julho, mas não é sobre esse cenário que o Copom está debruçado, e sim sobre o comportamento dos preços em 2009. Ele também acredita que a decisão de hoje sinaliza uma nova alta de 0,75 ponto na próxima reunião e aponta que o objetivo de alcançar o centro da meta (4,5%) no ano que vem deverá ser bem-sucedido.   Desaceleração   O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Julio Sérgio Gomes de Almeida, disse que o aumento de 0,75 ponto na taxa Selic aponta uma desaceleração da economia, e dos investimentos, mais forte do que se esperava em 2009. Ele admite que a magnitude do aumento já era esperada, mas avalia que o cenário de inflação mostrou melhoria nos últimos dias.   "O Banco Central agiu sobre as expectativas, se movimentou em relação ao fato de que o mercado já prevê uma inflação acima do teto da meta para este ano", disse ele. Para Gomes de Almeida, diante do arrefecimento da alta nos preços das commodities e do fato de que a elevação dos juros de hoje só terá efeito na economia em 2009, o ideal seria que o Copom tivesse esperado um pouco mais antes de aumentar a dose de alta da Selic.

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