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Economistas têm dúvidas sobre PIB de 2005 e 2006

Por Agencia Estado
Atualização:

Os economistas Edward Amadeo e Lídia Goldenstein concordam em que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer entre 3,5% e 4,% em 2004, mas têm suas dúvidas sobre o comportamento da economia brasileira nos anos seguintes. Eles discordam, porém, em relação ao desempenho atual da economia, que mostrou um crescimento do PIB de 0,4% no terceiro trimestre, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE. Para a consultora da MB Associados, o índice é medíocre, enquanto que para o consultor da Tendências e ex-ministro do Trabalho, o número não é de todo mal. Os dois foram entrevistados pela jornalista Míriam Leitão, no programa Espaço Aberto, da Globo News, quando também disseram que o governo Lula deve ficar atento para não perder "as janelas de oportunidade" que se estão abrindo para a economia brasileira. Para Lídia Goldenstein, o crescimento da economia está sendo retomado de uma forma muito vagarosa e a explicação se deve à queda da renda da população, que, segundo lembrou, caiu quase 14% este ano. "E, pior ainda, se você pensar na renda disponível da população, o impacto é muito maior por contas dos preços de mercado." Ela citou a última pesquisa sobre orçamento familiar, feita alguns meses atrás, a qual mostrava que as pessoas gastavam 15% de seus rendimentos no pagamento de serviços públicos. "Se elas tivessem mantido a mesma propensão a consumir, os preços públicos estariam agora comendo 45% de seus rendimentos. Isso significa que a renda disponível para consumo é muito baixa." A economista acentuou que as exportações pesam apenas 10% no PIB, não tendo assim capacidade de gerar renda e puxar a economia. "O gasto-governo está completamente achatado, o investimento está completamente achatado. Portanto, não tem como essa economia crescer." Para ela, não há dúvidas de que a economia vai crescer mais em 2004, mas sobre 2005 e 2006 há um grande ponto de interrogação. Até que não foi ruim Na avaliação de Edward Amadeo, o 0,4 de crescimento no último trimestre não é tão ruim como vem sendo dito. Para ele, o número ficou baixo por conta da agricultura, pois a indústria cresceu 2,7% no período, e também cresceu na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. "Então, isso mostra que a indústria, que normalmente é quem dá o tom do ciclo, e ela é carregada pela demanda... A agricultura é uma coisa cuja decisão já foi tomada há três, oito meses... E é bem possível que os dados da agricultura, no quarto trimestre, recuperem o que foi perdido agora. A agricultura não é sazonal, nem cíclica, ela é volátil. Então, esses números têm que ser vistos com um pouco de cuidado. Mas a indústria, que é quem dá o tom do ciclo, já está se recuperando. E nós estamos falando em recuperação daqui para a frente. Não é verdade que você vai recuperar os níveis de renda, de dois três anos atrás, num curto espaço de tempo. Eu estou dizendo que a gente está voltando, e voltará rapidamente, aonde estávamos." Amadeo disse ainda que esse início de um novo ciclo de crescimento, semelhante aos ocorridos em 94 e 99, depende essencialmente de crédito. "Crédito depende de confiança, de estabilidade, e essas coisas aos poucos estão aumentando", reconheceu. Mas ele compartilhou da análise de sua colega, com relação a um crescimento acentuado, e sustentado, da economia, a partir de 2005.

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