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EDP Brasil aposta na comercialização de energia

Por Agencia Estado
Atualização:

Mesmo com o excesso de energia no mercado, a EDP Brasil, controlada pelo grupo Electricidade de Portugal, está conseguindo fazer deslanchar os seus negócios na área de comercialização de eletricidade. As vendas da Enertrade, a comercializadora do grupo, já somam R$ 42 milhões nos dez primeiros meses do ano, graças principalmente a uma flexível relação com os clientes. Ao longo do ano, a comercializadora formou uma carteira de 11 clientes. A aposta da EDP Brasil na comercialização de energia ? as transações com a energia excedente que não estão vinculadas a contratos iniciais ou bilaterais ? ocorre em um momento em que as concorrentes enfrentam dificuldades extremas para encontrar compradores. Além da demanda reduzida com a assimilação de tecnologia de conservação de energia pela população e pelas indústrias, o próprio ritmo da economia mantém em níveis inferiores aos projetados a demanda industrial. Por conta disso, a própria EDP Brasil deverá realizar neste ano investimento de cerca de R$ 310 milhões em geração e distribuição de energia elétrica ? 25% a menos do que havia projetado para 2002. "Trata-se de um ajuste às condições atuais deste mercado", explicou o presidente da companhia, Eduardo Bernini. Saldo A Enertrade iniciou as suas operações no final de 2001 colocando no mercado a energia produzida pelas primeiras máquinas da hidrelétrica de Lajeado, projetada para gerar 902,5 MW. Ao longo deste ano, segundo Bernini, já foram comercializados pela Enertrade 1.100 gigawatts-hora (GWh) junto a consumidores livres. "Estabelecemos inclusive, fornecimentos para 2003 e 2004", disse Bernini. Bernini destaca que a Enertrade não atua com especulação no Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE). "Não fazemos venda a descoberto", garante. A Enertrade tem conseguido ampliar a sua atuação buscando flexibilizar sua relação com os clientes. Com essa filosofia, a comercializadora lançou uma espécie de seguro com opção de compra que já lhe garantiu a venda de 180 mil MWh. "Este produto não e para especulação, é para hedge", explica Bernini. Com este seguro, o cliente garante um suprimento futuro de energia com preços pré-acordados. Se, no momento de utilizar a energia, o cliente encontrar preços mais baixos no mercado, poderá pagar apenas o valor do seguro, sem outro ônus. "Poderemos tentar encontrar para este cliente um outro comprador para a energia, já que uma das funções da Enertrade é a representação" diz Bernini. Reforma societária A EDP Brasil concluiu no final de outubro a primeira etapa de uma ampla reestruturação societária dos seus negócios no País, que poderá resultar na abertura de seu capital a partir de meados do próximo ano, caso as condições do mercado de capitais e do ambiente macroeconômico sejam favoráveis à iniciativa. No último dia 31 de outubro, a empresa fez a cisão da Enerpaulo, uma de suas empresas no Brasil, controladora da distribuidora de energia Bandeirante. Com a cisão, a parcela correspondente ao ágio pago na compra da Bandeirante foi incorporada à distribuidora. Os demais ativos e passivos da Enerpaulo foram transferidos à EDP Brasil. "Com a incorporação do ágio, a Bandeirante poderá usufruir da redução das cargas fiscais que a legislação permite", disse Bernini. E o guarda-chuva da EDP Brasil passou a abrigar ativos avaliados em R$ 1,2 bilhão, com um patrimônio líquido de R$ 1,160 bilhão e um passivo total de R$ 61 milhões. A concentração dos negócios da EDP no Brasil em um único veículo, segundo Bernini, tende a melhorar a percepção dos investidores sobre os negócios da empresa. Além disso, a criação de uma subholding brasileira da EDP deverá contribuir para viabilizar o levantamento de recursos para projetos de geração no País, "seja por meio de dívida ou por meio de capital". O próximo passo desta restruturação será transferir para a EDP Brasil as participações do grupo português nas distribuidoras Cerj, Escelsa e Enersul. A expectativa é de que estas operações estejam concluídas no primeiro semestre do próximo ano. Para Bernini, a reestruturação societária da companhia é uma prova da aposta que a Electricidade de Portugal faz no Brasil. "A EDP veio para ficar", disse ele, lembrando que a empresa já investiu US$ 2 bilhões no Brasil. Leia mais sobre o setor de Energia no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.

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