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Eduardo Campos diz que subir juros 'não é um desastre'

Por João Domingos
Atualização:

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, potencial candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff pelo PSB, explorou criticamente as dificuldades do governo em conter a inflação e disse que, nessa briga, subir juros "não é um desastre". A afirmação dele foi feita logo depois de almoço com representantes do bloco PTB/PR/PSC/PPL no Senado. Nesta terça-feira, Campos tem um jantar com dez senadores dissidentes do PMDB no apartamento do senador Jarbas Vasconcelos (PE)."É fundamental nesse instante conter a inflação. É um desafio para que o consumo e o poder de compra das famílias e do Estado possa continuar a cumprir o papel que o consumo cumpriu na retomada do crescimento no primeiro momento da crise", disse ele. "Precisamos animar os investimentos. E, para animar os investimentos públicos, é fundamental garantir recursos para os Estados e municípios seguirem cumprindo sua carteira de obras, que geram emprego e ajudam a economia a crescer."No início do ano, Campos afirmou que a presidente Dilma Rousseff precisaria atuar na economia com investimentos fortes, de forma a salvar o ano de 2013, porque perder o primeiro trimestre seria perder todo o ano. Para ele, a presidente poderia ter feito mais: "Eu acho que os três meses poderiam ter sido melhores do que foram". Indagado sobre a irritação do governo com suas críticas, comentou: "Tenho que exercer meu direito de falar e respeitar o direito de cada um gostar ou não".Momento duroCampos afirmou ainda que o governo precisa entregar ao setor privado o marco regulatório de setores estratégicos que estão em aberto. E citou-os: "Portos, setor elétrico, petróleo e gás". Ele lidera o movimento contrário à aprovação da Medida Provisória dos Portos, que está em exame no Congresso. O governador acusa o governo de não ter ouvido os interessados na questão, e de interferência indevida na Federação.O governador criticou também o governo que, a seu ver, não é transparente nas manobras que faz sobre o afrouxamento das metas de ajuste fiscal. "Eu acho que a gente tem que cumprir meta fiscal. Há um tripé (meta fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante) que segura a política econômica e que precisa ser mantido com toda a clareza. Não vejo nenhuma gravidade que se faça uma repactuação do superávit primário. Mas é preciso fazer isso de forma clara, transparente, mostrando por que estamos fazendo e em nome de quê".E continuou: "O que às vezes complica é quando não se encara com toda tranquilidade, com toda clareza. Tivemos exemplo disso no fechamento do ano de 2012. Acho que é preciso tratar essas coisas com tranquilidade e com transparência. O mundo inteiro vive um momento muito duro na economia. E nós não podemos abrir mão é do controle inflacionário."

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