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Efeito paralisia atinge Bolsa, risco e captações

Por Agencia Estado
Atualização:

O escândalo Waldomiro Diniz e a paralisia que tomou conta do governo estão afugentando investidores e já deixam seqüelas no risco Brasil, no fluxo de recursos estrangeiros na Bovespa, nas captações externas e na rolagem da dívida pública. Desde fevereiro, o risco Brasil ultrapassou o de outros países emergentes. Em janeiro, era, em média, 8% superior. Em fevereiro, o índice ficou 22% acima do risco dos demais e em março chega a 30%. Como conseqüência, as captações externas caíram de US$ 1,8 bilhão, em janeiro, para míseros US$ 50 milhões em março, até dia 25. O fluxo de investidores estrangeiros na Bovespa deve encerrar o mês negativo, pela primeira vez desde maio de 2003. Até ontem, estava negativo emR$ 15milhões. ?Todos os emergentes foram afetados pela aversão ao risco decorrente dos atentados de 11 de março em Madri e da possibilidade de o Fed (banco central americano) elevar os juros?, diz Maristella Ansannelli, economista da Tendências Consultoria Integrada. ?Mas o Brasil acaba sendo mais prejudicado porque, além de tudo, está no meio de uma crise política.? O mau humor que se estabeleceu no mercado a partir do final de janeiro já mostrou reflexos sobre a dívida pública. Em fevereiro, houve queda no volume de papéis negociados no mercado secundário. Além disso, o Tesouro Nacional deixou de ofertar papéis em dois leilões naquele mês. Na primeira semana de fevereiro, o Tesouro deixou de vender logo após o estouro do escândalo Waldomiro. Os efeitos do nervosismo atingiram o mercado secundário de papéis federais. O volume financeiro médio diário dos negócios foi de R$ 5,5 bilhões em fevereiro, ante R$ 9,1 bilhão em janeiro. Segundo analistas, são investidores brasileiros que lideram a ?retirada?. ?É normal, sempre os investidores locais estão mais inteirados da situação?, diz Luis Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de?. ?Os ruídos políticos assustam o investidor, que tem medo de a crise atingir os pilares principais da política fiscal e de controle de preços?, diz Antônio Madeira, economista da MCM Associados. A turbulência política ainda não contaminou os principais indicadores financeiros. O dólar acumula alta de apenas 1,4% desde o final de 2003 e a previsão de superávit comercial evoluiu para US$ 25 bilhões.

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