PUBLICIDADE

Eficiência energética e lógica moderna podem recolocar Brasil nos trilhos

Para Ildo Sauer, pesquisador da USP, conceitos precisam ser revistos na forma como são planejadas a expansão do setor energético

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:
Getty Images 

O Brasil é um país com recursos naturais e tecnológicos suficientes para enfrentar as mudanças climáticas globais. O que não significa, segundo especialistas no tema, que não existem enormes dificuldades a serem enfrentadas para que a matriz energética brasileira não retroceda em termos do uso de fontes renováveis.

PUBLICIDADE

Parte da solução, afirma Ildo Sauer, pesquisador da USP, passa pela governança, que atualmente enfrenta um problema triplo, segundo ele. “Conceitos precisam ser revistos na forma como planejamos a expansão do setor energético, como contratamos essas ampliações e como se dá a operação dos recursos disponíveis”, afirma Sauer.

Na visão do pesquisador, com grande experiência na área, o Brasil está sujando sua matriz energética nos últimos anos ao optar pelo uso cada vez maior das usinas térmicas. “Elas são caras e poluentes. A saída hoje é combinar cada vez mais as fontes fotovoltaica, solar e hídrica, com cogeração também quando for possível”, explica o especialista.

Para o pesquisador da USP, os reservatórios das usinas hidrelétricas poderiam funcionar como um grande seguro para os tempos de escassez de chuva. “O problema não é a natureza. Mas a forma e a lógica como a governança é feita. O Brasil tem uma das energias mais caras do mundo sem precisar, tudo por causa da maneira como o sistema é tratado”, afirma Sauer.

Se não fosse o País estar na contramão tanto no governo federal quanto no Congresso, segundo o pesquisador da USP, poderia estar produzindo até 4 vezes mais energia a um custo muito menor. “Recursos naturais e tecnológicos além de capacidade humana nós temos”, afirma.

Por mais que o Brasil entre nos trilhos em termos de governança energética, existe um outro setor que precisa avançar bastante, segundo o professor Gilberto Jannuzzi, da Unicamp. “A questão das mudanças climáticas é um problema complexo que tende a se agravar, e estamos com dificuldades de transformar essa realidade em questões mais efetivas. Mas é preciso avançar, por exemplo, na questão da eficiência energética”, diz Jannuzzi.

O Brasil, basicamente, precisa discutir de forma mais ampla como pretende consumir energia. “Mesmo com todas as fontes renováveis funcionando, não há energia que dê conta de uma demanda baseada na ineficiência.” Por ser um problema transversal, avalia o cientista, ele tem desdobramentos tanto sociais quanto econômicos.

Publicidade

“O Brasil é um país desigual e isso precisa ser colocado. Por exemplo, enquanto existem restaurantes com condições de terem câmaras frigoríficas modernas e eficientes, existem pequenos empreendimentos que não têm acesso a isso. O mesmo ocorre com os consumidores.”

Para Jannuzzi  , a questão da arquitetura e da construção civil é outro gargalo importante, que não pode ser posto de lado. “Existem prédios construídos hoje que ainda demandam muita energia e o uso constante do ar-condicionado. Temos de olhar direito para isso, e para como construímos nossas cidades e nossos sistemas de mobilidade”, diz o pesquisador da Unicamp.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.