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Eleições diminuem investimentos este ano, diz Amcham

Por Agencia Estado
Atualização:

A Câmara Americana de Comércio (Amcham) projeta a entrada de investimentos diretos estrangeiros (IDE) no Brasil em US$ 17 bilhões neste ano, contra US$ 22 bilhões no ano passado ?dado do BC. Um dos principais motivos para essa redução no ingresso de capital externo são as eleições presidenciais, segundo Álvaro de Souza, presidente da entidade e senior advisor do Citibank para a América Latina. Ele acredita que, como o quadro está indefinido, os agentes econômicos vão, num primeiro moment o, avaliar o que vai acontecer nos primeiros meses após as eleições para depois se posicionar em relação a investimentos no País. "Em ano de eleição, os investidores são sempre mais cautelosos e os investimentos ficam represados, mas depois são retomados ", afirma. O executivo avalia que esse quadro vale também para o caso de a oposição vencer as eleições, mas pondera que a hipótese tem sido vista cada vez com menos preocupação pelos empresários, segundo Souza, eventual vitória da oposição nas eleições de outubro. "Há alguns anos, a plataforma era vaga e ideológica. Na eleição anterior, já vimos muito mais definição. E de qualquer forma, a trajetória do País em direção à modernidade é irreversível. O empresariado está mais tranquilo em relação a isso", assegura o presidente da Amcham, que tem em seu currículo a presidência mundial do Citibank Private Bank e do Citibank no Brasil. E completa: "Não há mais espaço para inflação e desemprego altos. Apenas a vulnerabilidade externa ainda bastante razoável." A Amcham é formada por 5 mil sócios, 3 mil dos quais são empresas nacionais. "Não vemos com temor o atual clima pré-eleitoral, porque em ano de eleições sempre aparecem escândalos e tudo fica muito volátil. Sabemos que sempre há motivo para sustos, mas e stamos vacinados, tanto os brasileiros quando os empresários norte-americanos, a maioria veterana de Brasil", afirma Souza, em entrevista à Agência Estado. Alca Souza faz um alerta ao empresariado brasileiro. "O setor privado tem de começar a se preparar para a tarifa zero que virá com a Alca. Até hoje, o empresariado fica postergando seus ajustes, com a desculpa que a Alca ainda está longe (2005), mas o t empo é pouco", disse. Ele acredita que a posição do Brasil nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é muito forte, porque o País tem quase 80% do fluxo comercial da América Latina ?considerando que o México já é sócio dos EUA e do Ca nadá no Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), e que a Argentina está com sua economia debilitada ?e uma população consumidora importante. A Alca, no entanto, vai existir mesmo que o Brasil decida não assinar o acordo por não se sentir ben eficiado. "E se isso acontecer, o Brasil vai ficar de fora do jogo internacional, que cada vez mais será jogado em blocos (Nafta e Alca, Ásia, Europa)", argumenta. Ele admite que o governo dos Estados Unidos tem mesmo muita dificuldade para lidar com os congressistas, boa parte deles com mentalidade protecionista, muito ligados às práticas da velha economia americana e exercendo forte pressão sobre o Executivo. Só que ao mesmo tempo, os mercados consumidores dos países desenvolvidos estão encolhendo. A população envelhece o cada vez consome menos. "O business global só pode vir para as economias emergentes e demograficamente atraentes, como Brasil, China, México, Indonésia e Índia", afirma. Souza ressaltou que, só no Brasil, são 50 milhões de consumidores. Antes do plano real, eram 20 milhões. Além disso, há cerca de 20 milhões de brasileiros que têm o desejo de consumir, mas não têm renda. "Para fechar esse gap social, que seria muito bom para os negócios, é preciso crescer além de 3% ao ano, reduzir os juros e continuar os investimentos em educação e saúde", receitou. A população norte-americana pode ajudar o Brasil a aumentar suas exportações. "De uma forma ou de outra, os americanos começam a reclamar contra o protecionismo." Ele lembrou que o caso Enron (empresa de energia cuja falência trouxe à tona uma séria e fr audes) está mudando a relação entre os três poderes nos EUA ?Executivo, Legislativo e Judiciário. "Os fortes lobbies das grandes empresas começam a ser malvistos pela população, pois muitas vezes acontecem em detrimento do consumidor", disse. E exemplifi cou com o aço, cuja dificuldade de importação imposta pelo governo deve causar a elevação dos preços de vários produtos no mercado norte-americano, e com o suco de laranja, também sobretaxado. "O consumidor norte-americano tem um grande direito de escolha e bota a boca no trombone sempre que se sente prejudicado. Por isso mesmo, esse é um bom momento para o Brasil fazer publicidade de seus produtos, principalmente daqueles que enfrentam barrei ras, para mostrar ao consumidor a qualidade e o preço do nosso produto."

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