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Elétrica portuguesa descarta comprar novas empresas no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

A empresa elétrica portuguesa EDP - que controla a paulista Bandeirante - não vai adquirir novas empresas, caso a AES, a PPL ou a EDF estarem interessadas em vender as empresas que têm no Brasil. "No Brasil, a estratégia concentra-se na consolidação das posições nas empresas em que estamos, com exceção da Cerj. O grosso do investimento no País está feito", afirmou o presidente da EDP, Francisco Sánchez, na apresentação das contas semestrais da empresa. No primeiro semestre, a Bandeirante teve resultados positivos, contribuindo com ? 4 milhões para os lucros de ? 230,6 milhões - mais 2,8% do que no mesmo período do ano anterior. "O primeiro trimestre foi bom, mas o segundo trimestre foi negativo. Esperamos que no conjunto do ano os resultados sejam positivos", disse Fernando Noronha Leal, da EDP Internacional. Um dos principais fatores que garantiram os resultados positivos da empresa foi a operação de troca da dívida em dólares por dívidas em reais, feita pela Bandeirante com a EDP Brasil, no valor US$ 72 milhões. O risco cambial é uma das preocupações da EDP. "O financiamento das operações no Brasil será gerado localmente", disse Sánchez. A Enersul e a Escelsa terão resultados negativos no conjunto do ano, por causa da queda do real. "Temos uma posição de hedge (proteção) que cobre 70% das dívidas das empresas em dólares, o que significa que o impacto da desvalorização nos resultados será negligenciável nas contas da EDP. Se houvesse uma desvalorização de 50% do real, o impacto nas contas seria de 3 milhões de euros", disse Sánchez. Segundo ele, a EDP espera garantir até o final do segundo semestre o controle efetivo da Enersul e da Escelsa. No entanto, a empresa portuguesa não prevê integrar as três empresas brasileiras de energia. "Não temos idéia de modificar a estrutura das empresas. Elas manterão a sua individualidade. Progressivamente, poderemos centralizar todas as atividades de back office. Poderemos, por exemplo, escolher a mais eficiente para centralizar as compras". Segundo Leal, a empresa foi surpreendida pelo fato de o consumo de energia não ter se recuperado depois do racionamento. "Esperávamos que os níveis de consumo fossem retomados mais rapidamente e isso não traz boas notícias para os resultados deste semestre". Na Bandeirante, durante o primeiro semestre, houve uma redução das vendas de energia de 18,1% - de R$ 6.115 milhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 5.011 milhões no mesmo período deste ano. O resultado positivo foi garantido pelos ajustamentos tarifários de 19,43% em outubro de 2001 e de 6% em 27 de dezembro - este em compensação pelo racionamento. No primeiro semestre, a empresa teve uma redução de custos com pessoal de 1,3%. "Isso corresponde a 80 pessoas e é o resultado do processo de automatização das estações de retransmissão". Para a empresa, os efeitos das variações cambiais como resultado do aumento do risco Brasil não poderão ser recuperados. "O mal já está feito. O problema é a indefinição do câmbio". Leal afirma que é indiferente para a empresa quem será o vencedor das eleições.

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