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Eletrobrás: corte de gás boliviano prejudicou Furnas

Por Alaor Barbosa
Atualização:

O corte no fornecimento de gás natural pelo governo boliviano para a térmica de Pantanal, no Mato Grosso, agravou os problemas de descontratação de energia de Furnas, controlada da Eletrobrás, obrigando a empresa a adquirir energia no mercado livre para cumprir os seus contratos. A informação é do diretor financeiro da Eletrobrás, Astrogildo Quental, em entrevista após teleconferência com analistas realizada hoje. No balanço divulgado na semana passada, Furnas declarou que os prejuízos com a comercialização de energia atingiram R$ 1,17 bilhão no ano passado, afetando os ganhos da empresa com as atividades de geração e de transmissão. Além da térmica de Mato Grosso, Furnas também está a descoberto por conta do contrato com a Companhia de Integração Energética (Cien), do grupo espanhol Endesa. A Cien firmou contrato de entregar até 2.000 megawatts (MW) de energia elétrica no Brasil com base em geração na Argentina. Devido aos problemas do país vizinho, porém, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), considerou que o contrato está sem lastro, obrigando Furnas a buscar outras fontes de energia para cobrir a diferença. "Sem esses contratos, Furnas teve de buscar energia no mercado livre e acabou afetada pela alta dos preços", explicou Quental. Ele admite que a situação pode ter se agravado no início deste ano, em que o preço do megawatt-hora (MWh) atingiu R$ 570, mas ele não sabe estimar o montante de energia que Furnas está tendo de adquirir no mercado livre. Ele garantiu, porém, que a questão está sendo equacionada. Mudanças Outro problema "estrutural" que a nova diretoria da Eletrobrás pretende atacar este ano é a questão dos chamados sistemas isolados, basicamente na região Norte. O executivo explicou que a Eletronorte, uma das subsidiárias da Eletrobrás, continua fornecendo energia elétrica para as distribuidoras da região a custos inferiores aos de geração. Ele disse que o assunto está sendo discutido no âmbito do Ministério de Minas e Energia (MME), mas ele não quis adiantar a solução proposta. Quental disse também que o governo está avaliando uma forma de melhorar os resultados das distribuidoras do grupo, agrupadas no grupo de federalizadas. Em resposta à pergunta de um analista, se isso significa que o grupo poderá demitir os diretores dessas companhias, o diretor foi evasivo. "O mais importante para essas empresas, inclusive para os políticos, é garantir um bom atendimento para a população e a realização de investimentos. Para isso as empresas precisam gerar resultados", acrescentou, ressaltando que a questão política também tem de ser considerada na gestão dessas companhias. Ele afastou também a possibilidade de, num primeiro momento, vender as empresas para o setor privado.

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