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Eletronuclear assina contrato com empreiteiras e vai retomar obras de Angra 3

Projeto será tocado por um consórcio formado pelas empresas Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz; contrato prevê a conclusão da superestrutura de concreto do reator de Angra 3

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Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - A estatal Eletronuclear, do grupo Eletrobras, anunciou nesta quarta-feira, 9, que assinou um contrato com empreiteiras que permitirá a retomada das obras da usina nuclear Angra 3, paralisada há anos, no litoral do Rio de Janeiro.

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As obras serão tocadas por um consórcio formado pelas empresas Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz, grupo vencedor da licitação para contratar os serviços do chamado “Plano de Aceleração do Caminho Crítico” da usina. Hoje só há duas unidades nucleares em operação no País, Angra 1 e 2.

Segundo a empresa, o consórcio escolhido foi anunciado em julho de 2021. Superadas as etapas de recurso, as três companhias passaram por uma avaliação de “compliance”. Depois, a assinatura do contrato foi aprovada pelo Conselho de Administração da Eletrobras, no fim de janeiro.

No dia em que Angra 3 entrar em operação, em 2026, vai somar 1,4 GW extra de geração por fissão nuclear. Foto: Arquivo/Agência Brasil

O contrato prevê a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3, além de uma parte da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados para produzir energia.

O cronograma prevê outra licitação para contratar a empresa ou o consórcio que vai finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina. Os investimentos totais para concluir a usina foram estimados no ano passado em R$ 15 bilhões. Nenhum empreendimento em construção hoje no Brasil, em qualquer setor da infraestrutura, tem um custo que supere o de Angra 3.

A usina nuclear, que teve suas obras iniciadas em 1984 pelo governo militar, é, de longe, a construção mais cara do País. Por outro lado, a planta paralisada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ), terá uma participação mínima, quando comparada à geração total de energia do País.

Hoje, o País tem apenas duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e 2, que somam cerca de 1,9 gigawatts de potência. No dia em que Angra 3 entrar em operação, em 2026, vai somar 1,4 GW extra de geração por fissão nuclear, chegando a um total de 3,3 GW. Com essa potência reunida, as três usinas responderão por apenas 1,5% da capacidade total de entrega de energia do País. Se considerado o fato de que, anualmente, cada vez mais usinas de outras fontes entram em operação, essa fatia tende a encolher ainda mais.

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Os militares defendem que o investimento em energia nuclear deve ser feito pelo País, porque apoia o desenvolvimento local de tecnologias, explora as jazidas nacionais de urânio e traz mais segurança ao abastecimento, já que as plantas nucleares entregam o volume total de energia que suas turbinas podem gerar no momento em que o setor elétrico quiser, diferentemente de outras fontes “intermitentes” – como hidrelétricas, eólicas e solar, que dependem das condições climáticas de chuva, vento e sol para proverem energia, sobre as quais não se tem controle total.

Entre especialistas do setor elétrico, há ainda menção ao alto custo da energia nuclear, ante outras fontes mais baratas, como eólica e hidrelétrica. Hoje, o Brasil soma 175 gigawatts (GW) de potência. Desse total, por exemplo, cerca de 51% estão ligados à geração hidrelétrica. Já as nucleares respondem por 1% da força total. A Eletronuclear afirma que, além de ter garantia plena de geração, Angra 3 passará a gerar o equivalente a 50% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.

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