Publicidade

Elevação do risco Brasil deve prejudicar captações externas

Por Agencia Estado
Atualização:

A elevação do prêmio de risco do Brasil deverá prejudicar as captações externas de médio e longo prazo e vai manter as de curto prazo "para quem quiser pagar caro", segundo avaliação do diretor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas. Para ele, a manutenção das baixas taxas de juros nos Estados Unidos vai continuar beneficiando a entrada de dólares de curto prazo no Brasil e evitar uma pressão maior sobre o câmbio. O economista avalia que a elevação do risco Brasil é na verdade um "ajuste de preços" do mercado, já que o risco brasileiro caiu significativamente desde outubro do ano passado, quando chegou a 1.200 pontos. Thadeu de Freitas disse que a pressão sobre o câmbio desta semana não deverá resultar em desvalorizações do real como a ocorrida no segundo semestre do ano passado, porque está sendo mantido o interesse dos investidores de curto prazo. Mas alerta que no segundo semestre, caso a situação política se mantenha indefinida e ocorra uma elevação dos juros nos Estados Unidos, poderá crescer a pressão sobre o câmbio. A despeito das incertezas do mercado, o diretor-financeiro da Eletrobrás, Nereu Ramos Neto, disse que os papéis da empresa estão sendo negociados com as mesmas taxas de desconto e nível de liquidez no mercado internacional "sem qualquer pressão ou animosidade dos bancos", devido à elevação do risco Brasil. Ele explicou que a Eletrobrás vai captar um total de US$ 370 milhões neste ano, sendo que deste total US$ 150 milhões já foram realizados e US$ 220 milhões serão captados através de bônus no segundo semestre. "Não tenho informação de qualquer dificuldade para essa operação e vamos continuar planejando normalmente. Estamos negociando nas mesmas bases", afirmou. Para o analista do setor elétrico da corretora Sudameris, Marcos Severine, as empresas do setor que planejavam captações externas e têm condições de adiamento vão postergar o prazo. Ele lembrou que a operação mais imediata planejada no setor é uma captação da Companhia Elétrica de São Paulo (Cesp), no valor de US$ 150 milhões. "Acredito que, nas atuais condições do mercado, essa captação também foi inviabilizada", disse. A Eletropaulo anunciou adiamento de captação do mesmo valor. Severine avalia que a deterioração da percepção de risco do Brasil está reduzindo o apetite pelos papéis brasileiros e elevando muito o custo das captações. Ele acredita que a turbulência do mercado nos últimos dias é uma "situação momentânea", fruto da dúvida entre um cenário de "continuidade ou descontinuidade" da atual política econômica. Para o analista da Sudameris, o avanço da campanha eleitoral poderá mudar as intenções de voto e "reduzir rapidamente" o risco País. Ele disse que o adiamento das captações é um "problema adicional" para as empresas do setor elétrico, mas não suficiente para afetar os resultados de balanço.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.