Em 2 anos, Brasil terá mais conexões 5G que países que fizeram leilões antes, diz executivo da TIM

Para Mario Girasole, vice-presidente de Assuntos Regulatórios e Institucionais da companhia, modelo do certame, que destinou maior parte dos recursos para investimento e não para outorga, contribuiu para a disputa entre empresas

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Por Circe Bonatelli
3 min de leitura

O Brasil terá, nos próximos dois anos, um número de conexões 5G até maior que outros países que realizaram leilões de frequências antes, segundo o vice-presidente de Assuntos Regulatórios e Institucionais da TIM, Mario Girasole. Isso porque o leilão por aqui teve características que estimularam a atração de investimentos.

Ele elogiou o fato de o leilão não ter tido um viés arrecadatório. Ou seja: destinou a maior parte dos recursos para implementação das redes em vez de cobrar valores elevados de outorgas para os cofres públicos - como vinha acontecendo desde a privatização das telecomunicações no Brasil. Essa mudança também era pleiteada há tempos pelas operadoras.

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Outro ponto interessante, segundo o executivo da TIM, foi a oferta de uma grande quantidade de espectros de radiofrequência. Esse foi o maior leilão já realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "Todas essas coisas juntas ajudaram a atrair essa quantidade de 15 concorrentes", avaliou.

Leilão do 5G movimentou R$ 47,2 bilhões. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 5/11/2021

O leilão, que terminou nesta sexta-feira, 5, movimentou R$ 47,2 bilhões com lotes leiloados nas faixas de 700 MHz, 3,5 GHz, 2,3 GHz e 26 GHz. O ágio médio em relação ao preço mínimo exigido no edital foi de 218% e de 12% em relação ao valor econômico. A expectativa inicial do governo era movimentar R$ 49,7 bilhões, mas nem todos os lotes oferecidos foram arrematados.

A TIM planeja ativar a internet móvel de quinta geração logo que a limpeza da faixa de 3,5 Ghz estiver concluída. "Uma vez que (a faixa) estiver liberada, o 5G estará no ar. Do ponto de vista industrial, está tudo pronto", declarou, em entrevista coletiva à imprensa em Brasília.

Como as antenas parabólicas recebem as transmissões por meio de uma banda que fica pertinho da faixa por onde vai navegar o 5G, é preciso fazer uma acomodação para evitar conflitos. A solução será a migração das parabólicas para outra banda.

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Esse trabalho de limpeza da faixa será realizado pela Entidade Administradora da Faixa (EAF), organização prevista no edital da Anatel e financiada pelas operadoras que arremataram os lotes leiloados na faixa de 3,5 Ghz.

As rivais Claro, Vivo e TIM arremataram na quinta-feira, 4, três dos quatro blocos nacionais da faixa de 3,5 Ghz - de abrangência nacional e considerada ideal para a oferta de internet móvel do 5G. A Tim ficou com B3, por R$ 351 milhões, com ágio de 9,22%.

"É preciso parabenizar esses atores. Eles são competidores, mas também parceiros", afirmou Girasole. "Tem possibilidade de compartilhamento de infraestrutura no Brasil que serão exploradas por operadoras nacionais e regionais."

Ele lembrou que as operadoras de telecomunicações avançaram no compartilhamento de redes, espectros e torres nos últimos anos como forma de ganhar escala e reduzir custos - uma tendência global e ainda mais importante no Brasil, dadas suas dimensões continentais.

Com a participação de um conjunto diversificado de operadoras no 5G, essas estratégias serão aprofundadas, disse: "Com esses novos atores, essas possibilidade aumentam".

O vice-presidente da TIM ainda buscou tratar com naturalidade o grande número de participantes do leilão, que atraiu 15 proponentes. "O mercado amadureceu de forma tal a atrair novos investimentos. Isso é bom para os novos entrantes, mas é bom para nós também que estamos aqui há 20 anos", afirmou. "Mostra que o leilão teve elementos de valor. Seria muito pior um leilão deserto, pois isso significaria que estamos em um mercado não atrativo."

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