Grande parte do aumento do desemprego em 2015 se deve ao crescimento da população economicamente ativa. A taxa de participação da força de trabalho no total da população alcançou 61,4% em dezembro, ante 60,8% no mesmo período do ano anterior. Trata-se de um fenômeno inverso do ocorrido nos anos anteriores. Com a queda da renda e o aumento do desemprego entre chefes de família, a participação dos demais membros no mercado de trabalho cresce. Essa crescente busca de membros da família por um emprego remunerado pode ser observada pela forte queda do trabalho não remunerado, com um tombo de mais de 10% em dezembro, ante o mesmo período de 2014.
Muito da queda da população ocupada ao longo de 2015 foi atenuada pelo crescimento do trabalho por conta própria. Isso é explicado por três fatores: 1) Trabalhadores formais demitidos migram para trabalhos por conta própria, como bicos; 2) O crescimento da taxa de participação de pessoas na força de trabalho, que ingressando no mercado de trabalho e sem conseguir um trabalho assalariado, recorrem ao trabalho por conta própria; 3) Mudanças institucionais importantes que facilitaram a regularização do trabalho informal, como o Microempreendedor Individual (MEI), explicando a queda deste último em 2015.
Vínculos empregatícios mais precários, como o trabalho por conta própria, constituem um colchão de amortecimento do emprego em períodos de crise. A tendência é observarmos seu crescimento nos próximos meses, acompanhada pelo cenário de piora das expectativas dos agentes econômicos.
PESQUISADOR DO MERCADO DE TRABALHO NO CENTRO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA DO IBRE/FGV