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Em 2016, gerir a dívida poderá ser mais difícil

Em novembro, a dívida pública federal não só cresceu significativamente - R$ 70 bilhões, incluindo juros -, como ficou mais curta e continuou muito cara, segundo o Tesouro Nacional. Houve, no mês, emissão líquida de títulos no montante de R$ 42,4 bilhões e a apropriação de juros de R$ 28 bilhões. Com aumento nominal de 2,66%, a dívida atingiu R$ 2,7 trilhões e já se aproxima dos níveis máximos previstos no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2015.

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Por Redação
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O porcentual da dívida que vence nos próximos 12 meses avançou de 20,99% em outubro para 21,41% em novembro. E já supera os 22% quando são computados apenas os papéis da dívida mobiliária interna. O prazo médio da dívida caiu de 4,78 anos em outubro para 4,67 anos no mês passado. A piora se explica pela situação ruim das contas fiscais, ora agravada pelo rebaixamento da posição brasileira pelas agências de classificação de risco e pela falta de confiança na política econômica. Em 2016, vencerão títulos no valor de R$ 538,3 bilhões, ou seja, mais de um quinto da dívida mobiliária. É um valor substancial, que não é ignorado pelos investidores.

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O mais provável é que seja mais difícil rolar a dívida, ainda que se considere improvável um problema maior. O que se admite são custos mais altos e prazos mais curtos.

Apesar das dificuldades crescentes neste ano, o Tesouro conseguiu manter o chamado “colchão de liquidez” em montante suficiente para quitar os vencimentos de até dois trimestres. Valor expressivo, mas que não deve ser usado, ainda que parcialmente, para quitar as “pedaladas fiscais”, como se noticiou. O objetivo do “colchão” é infundir confiança nos investidores, o que se traduz em custos menos elevados aos que o Tesouro incorreria se não houvesse folga.

Os principais financiadores da dívida pública em novembro foram as instituições financeiras, que ampliaram de R$ 607,9 bilhões para R$ 626,5 bilhões o volume de títulos em carteira, passando a deter quase um quarto da dívida mobiliária interna. Os investidores estrangeiros também elevaram sua participação, de R$ 479 bilhões para R$ 498,8 bilhões. O maior desafio do Tesouro é evitar novo encurtamento dos prazos dos títulos, o que sujeitaria ainda mais a gestão da dívida à conjuntura econômica, que tende a continuar volátil. Por melhor que a dívida tenha sido administrada nos últimos anos, é para o futuro que os investidores olham na hora de aplicar.

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