Em 43 pregões, fuga de capital estrangeiro da Bolsa em 2020 já supera o ano de 2019

Estrangeiros tiraram R$ 44,798 bilhões em 2020; não há registro de entradas desde 10 de fevereiro

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Fabiana Holtz e Matheus Piovesana
2 min de leitura

Em apenas 43 pregões neste ano a saída de investidores estrangeiros da B3 alcançou R$ 44,798 bilhões, superando o saldo negativo recorde do 2019, de R$ 44,517 bilhões. A marca foi batida na última quarta-feira, dia 4. Não há registro de entradas desde 10 de fevereiro.

O movimento de retirada, que vinha se fortalecendo em janeiro, ganhou força ao longo de fevereiro diante da crescente preocupação sobre o impacto da expansão do surto de coronavírus na economia global.

Leia também

Em 26 de fevereiro, o Instituto Adolfo Lutz confirmou o primeiro teste positivo para o novo coronavírus no Brasil. Na ocasião foi registrada a saída diária histórica de R$ 3,068 bilhões.

No âmbito internacional, nos dias 24 e 25 - enquanto o mercado brasileiro não registrava negócios em razão do feriado de Carnaval - notícias alarmantes sobre a expansão do coronavírus principalmente vindas da Itália testaram os limites de aversão a risco do mercado de ações em todo o mundo. Desde então, as retiradas na bolsa brasileira já somam R$ 11,9 bilhões.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil já tem 13 casos confirmados de coronavírus. Dez destes casos estão no Estado de São Paulo. Ao todo, são 768 casos suspeitos da doença no País.

O montante inclui ainda saques expressivos de R$ 2,706 bilhões (no dia 27), R$ 2,513 bilhões (dia 28), R$ 2,176 bilhões (dia 02), R$ 1,297 bilhão (dia 03) e R$ 1,195 bilhão (dia 04).

Continua após a publicidade

No quadro doméstico, vale ressaltar ainda a decepção generalizada com crescimento baixo do Brasil no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro. Em 2019, a expansão do PIB foi de 1,1% ante o 1,3% de 2018 e 2017.

Mercado maior

Os volumes de saída maiores que a média histórica acontecem em um mercado com giro financeiro também maior. Em 2008, ano do estouro da crise financeira mundial, o dia de maior retirada foi 2 de dezembro, quando saíram R$ 2,672 bilhões. Naquele ano, a retirada foi de R$ 24,629 bilhões.

Naquele dia, o Ibovespa fechou em alta de 0,75%, aos 35.000,34 pontos, com giro financeiro de R$ 6,614 bilhões, impulsionado pelas Ofertas Públicas de Aquisição (OPAs) da Anglo Ferrous Brazil e da Petroquímica União, que, juntas, movimentaram R$ 3,444 bilhões. Atualizado pelo IPCA, o giro daquele dia foi de R$ 12,273 bilhões.

Em 2020, o dia de maior saída foi 26 de fevereiro, o "Corona day", quando os estrangeiros retiraram R$ 3,068 bilhões do mercado acionário brasileiro. Naquela quarta-feira, o Ibovespa caiu 7%, e fechou o dia nos 105.718,29 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,1 bilhões, também elevado em relação à média, mas desta vez por conta do ajuste após o feriado de Carnaval, que manteve a Bolsa de São Paulo fechada em um momento de tensão nos mercados internacionais.

Painel da Bolsa de Valores de São Paulo, B3 Foto: Renato Cerqueira/Futura Press
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.